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Recuperação Economica nos Vales - { parte 4}
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DESENVOLVIMENTO


Sobram vagas, falta qualificação

JAIME AVENDANO

esp03.jpg (81263 bytes)BLUMENAU - Um carro com alto-falante passa pelas ruas do Centro e da periferia da cidade oferecendo vagas para costureiras, tintureiros, tecelões e estampadores. Parece difícil de acreditar, mas em Apiúna, no Médio Vale, a Malharia Brandili colocou o carro na rua e começou a pedir trabalhadores para a produção. "Não está fácil encontrar pessoal qualificado, mas as pessoas estão chegando", afirma Ademir Tomelin, chefe do departamento de pessoal. Apesar das dificuldades, foram contratados 48 trabalhadores somente em janeiro. Até ontem, outras 40 vagas haviam sido preenchidas. "Ainda temos vagas para diversos setores", acrescenta Tomelin.
O exemplo acima mostra uma realidade que começa a fazer parte da Região dos Vales. A boa notícia é que estão sobrando empregos na área operacional. A má notícia é que os trabalhadores qualificados para preencher essas vagas estão em falta. Além disso, existe o problema dos baixos salários oferecidos pelas empresas. "Aumentar salários inviabilizaria o setor, já que o impacto da mão-de-obra numa indústria de confecção pode chegar a 35% das vendas contra 3% a 4%, por exemplo, na indústria automobilística", argumenta Ulrich Kuhn, presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau (Sintex).
Kuhn acredita que o grande desafio para se aumentar salários passa pela diversificação das atividades. "Há setores onde o custo da mão-de-obra pesa menos no produto e, portanto, pode-se pagar mais", argumenta. Como conciliar a necessidade de mão-de-obra das indústrias e a falta dela? Kuhn afirma que uma das saídas pode ser a migração do crescimento das empresas para outras regiões, onde a mão-de-obra é mais barata. Como exemplos cita a Cia Hering - que abriu uma unidade em Anápolis (GO) - e a Karsten, que implantou uma unidade em Lages (SC).

35%
das vendas é o
impacto do custo
da mão-de-obra
nas confecções

O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem de Blumenau, Osni Maschio, não acredita que a saída das indústrias seja a migração nem que o motivo disso seja o custo da mão-de-obra. "A empresa só sai daqui por causa dos incentivos fiscais", argumenta. Segundo ele, a indústria têxtil precisa de pessoal qualificado, que não é encontrado em qualquer lugar. "Para se formar uma boa costureira demora de 3 a 4 anos. As empresas vão ter que treinar a mão-de-obra nos locais onde se instalarem", insiste.
Apesar das divergências, empresários e sindicalistas dos diversos setores da economia regional estão confiantes quanto à geração de novos empregos ou, pelo menos, a manutenção dos já existentes. Uma pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) indicou que no ano passado a indústria teve um superávit de 1.958 empregos no saldo admissões/demissões. A entidade não tem uma perspectiva para este ano, mas espera um novo superávit.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Blumenau, Valmor Machado, afirma que a situação do emprego tem melhorado em termos de vagas, mas não de salários. Segundo ele, apenas o setor elétrico não tem acompanhado o crescimento no número de postos de trabalho. "No ano passado, a média de rescisões diárias girava em torno de seis a sete. Desde o começo do ano, está na faixa de duas a três por dia", destaca Machado. O piso salarial da categoria é de R$ 260,00 e a média salarial fica perto dos R$ 500,00.
Carlos Antonio Kohler, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Alimentação de Blumenau, diz que apesar do aumento no número de empregos, ainda existem muitos trabalhadores no mercado informal. "Existe emprego para quem tem qualificação, mas o problema são os baixos salários e as pessoas sem qualificação", argumenta. O piso salarial da categoria é de R$ 211,20 e a média gira em torno de R$ 480,00.

Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Vidros e Cristais do Médio Vale do Itajaí, Antonio Simas, não vê crescimento no número de empregos no setor. "A nossa perspectiva é pela manutenção dos empregos que já existem. Quanto à criação de novas vagas, não tenho tanta certeza de que isso possa acontecer", afirma Simas. Em relação aos salários, o sindicalista também trabalha com a manutenção dos valores pagos no ano passado.



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