REDUÇÃO
DO CUSTO ENERGÉTICO CHEGA A 16%
A redução do custo energético das indústrias têxteis com a
substituição dos combustíveis atuais (lenha, cavaco, óleo e GLP) pelo gás natural
deve chegar a 16%. Apesar disso, a redução no custo final do produto deve ser
insignificante, uma vez que o impacto do custo energético em todo o processo de
produção do setor é de cerca de 1% do custo final.
"Mesmo que em termos econômicos os valores não sejam consideráveis, o gás natural
proporcionará maior eficiência à matriz energética das empresas", destaca o
presidente da Associação Comercial e Industrial de Blumenau (Acib), Hans Prayon.
"Eu vejo a chegada do gás natural em nossa região como a chegada da
modernidade".
Além disso, destaca Prayon, o gás natural é uma alternativa mais limpa num momento em
que as empresas têm a preocupação de conquistar a ISO 14000, ferramenta fundamental
para entrar nos mercados europeus e da América do Norte. O setor têxtil deve ser
responsável pelo consumo de 25% do gás natural distribuído em Santa Catarina, segundo
previsões da Companhia de Gás de Santa Catarina (SCGás).
O presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de
Blumenau (Sintex), Ulrich Kuhn, ressalta o fato do gás natural ser uma energia de alto
rendimento. "Podemos dizer que é uma energia moderna, a energia do futuro com
impacto ambiental próximo a zero", enfatiza.
Em Blumenau, a Karsten e a Hering assinaram contratos de recebimento de gás natural. Com
o sistema das caldeiras já adaptado, a Karsten precisa fazer somente pequenos ajustes de
intensidade nos queimadores para usar o gás. As caldeiras mantêm a água quente e em
estado de vapor, usados nas máquinas de estamparia, tingimento, lavadoras, engomadeiras e
ramas. A Hering, por outro lado, iniciou as adaptações em seus equipamentos este mês e
pretende concluí-las até a primeira quinzena de julho.
A presença do gás natural promete fortalecer a economia do Estado com a chegada de novos
investimentos. "Os empresários de outros Estados e de outros países já começaram
a ver Santa Catarina com outros olhos", garante o secretário estadual de
Desenvolvimento Econômico e Integração ao Mercosul, Paulo Gouvêa da Costa.
O secretário destaca ainda que a disponibilidade de gás conta pontos na hora de negociar
novos investimentos. Como exemplo, ele cita o caso da Ford, cujo pré-requisito para
escolher o Estado que iria sediar a nova fábrica passou pela necessidade de
disponibilização do gás natural.
Cerâmica
O setor cerâmico deve investir um total de R$ 2,6 milhões para adaptar os equipamentos
internos nas fábricas para receber o gás natural. O novo combustível, prevê o
Sindicato das Indústrias Cerâmicas de Criciúma e Região (Sindiceram), permitirá uma
redução de 25% no custo energético e, ao menos, 3% no custo de fabricação dos
produtos.
A SCGás projeta para a indústria cerâmica um consumo de 57% de todo gás natural
distribuído em Santa Catarina. Segundo o presidente do Sindiceram, Adriano Lima, o gás
natural deve proporcionar ainda uma melhoria na qualidade dos produtos. "Vai melhorar
o visual e, principalmente, o acabamento", garante.
Lima argumenta ainda que com a redução de custos proporcionada pelo uso do gás natural,
deverá aumentar a competitividade do setor. Porém, o novo combustível não é
suficiente para alavancar as exportações. "Os nossos concorrentes, na Espanha e na
Itália, têm uma competitividade maior do que nós, já que além de dispor de gás
natural, eles têm outros custos compensatórios", argumenta o empresário. |