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O cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Cláudio Hummes, e o bispo da Arquidiocese da cidade, Dom Décio Pereira, realizam nesta tarde um ato ecumênico no Paço Municipal de Santo André, em homenagem ao prefeito Celso Daniel (PT) – encontrado morto na manhã deste domingo, dia 20. Mais de 18 mil pessoas, segundo o cerimonial da prefeitura, passaram pelo velório de Daniel na Câmara de Vereadores do município desde a noite de domingo até as 15h desta segunda, dia 21, quando somente os familiares e amigos próximos permaneceram no velório. Depois da solenidade religiosa está prevista a realização de um ato político em defesa da paz. Em seguida o corpo do prefeito seguirá em cortejo para o cemitério da Saudade, na Vila Assunção. O trajeto é de aproximadamente quatro quilômetros.
O prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, e o governador do Estado Olívio Dutra estiveram no velório e acompanharão o enterro, assim como muitos outros políticos. Durante a madrugada, algumas lideranças petistas chegaram a se reunir para discutir mobilizações e ações pela paz. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), também esteve no velório no início da manhã desta segunda-feira, dia 21.
O secretário de Segurança Pública de São Paulo afirmou já ter algumas pistas sobre a Frente de Ação Revolucinária Brasileira (Farb), que teria ameaçado de morte prefeitos petistas. Marco Vinício Petrelluzzi disse que há mais de quatro meses a polícia está investigando o grupo, mas ele não quis divulgar nenhuma informação, para não comprometer as investigações. O governador Geraldo Alckmin disse que ofereceu proteção a todos os prefeitos petistas que tenham sido ameaçados pela Farb.
As primeiras informações apuradas pela necropsia realizada no Instituto Médico Legal (IML) na zona oeste de São Paulo dão conta de que o assassinato do prefeito deva ter ocorrido entre as 21h de sábado, dia 19, e 2h de domingo, dia 20. O deputado federal e advogado
Luiz Eduardo Greenhalgh
(PT) acompanhou os exames informou que o crime deve ter ocorrido no local onde o cadáver foi encontrado com marcas de vários tiros. Celso Daniel levou entre sete e nove tiros acima da cintura. Algumas balas atingiram as mãos, o que indica que o prefeito instintivamente tentou se proteger dos disparos. Peritos acreditam que Daniel pode ter sido agredido antes de morrer, já que o maxilar do cadáver estava quebrado. O material recolhido do corpo do prefeito ainda deve passar por exames toxicológicos e anatopatológicos. A divulgação do laudo final deve ocorrer em 15 dias.
Um dos fatos a ser esclarecido pelas investigações é o de que o prefeito foi levado pelos seqüestradores na noite de sexta-feira, dia 18, vestindo um terno. O corpo fuzilado foi encontrado na manhã de domingo pela Polícia Militar em Juquitiba, a 78 quilômetros sudoeste da capital paulista, com calças jeans. A polícia se deslocou para o local após receber uma denúncia anônima. O cadáver estava na Estrada das Cachoeiras, bairro do Carmo, altura do km 328 da rodovia Régis Bittencourt.
O prefeito foi seqüestrado no final da noite de sexta-feira, dia 18, ao sair de uma churrascaria na zona sul da capital paulista. O político estava de carona na Pajero blindada de um amigo, o empresário Sérgio Gomes da Silva, quando o carro deles passou a ser perseguido e atingido por vários tiros. Os seqüestradores arrancaram Daniel de dentro do veículo, o colocaram em uma Blazer preta e fugiram sem deixar pistas. O amigo do prefeito foi liberado logo em seguida.
Celso Augusto Daniel – prefeito reeleito de Santo André, município do ABC paulista – era também o coordenador o programa de governo do PT à Presidência da República. Professor universitário da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) desde 1982, coordenou o curso de Economia da universidade no período de 1987 a 1989. Também trabalhou no mestrado e no curso de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O prefeito nasceu em 16 de abril de 1951, em Santo André. Era formado em engenharia pela Escola de Engenharia Mauá, em São Caetano do Sul (SP), em 1973, e mestre em administração pela FGV de São Paulo, em 1982.
Há dois meses, juntamente com outros 37 prefeitos do PT, recebeu carta com ameaça de morte.
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