| 17/09/2005 00h24min
Em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal (PF) afirma haver "indícios veementes" de corrupção passiva praticada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE).
A PF ainda entrou no STF com um pedido para investigar Severino. Como deputado federal, o presidente da Câmara tem direito a foro especial e é necessária a autorização do Supremo. A Polícia quer apurar as denúncias de que o parlamentar teria recebido dinheiro do concessionário do Restaurante Fiorella, na Câmara, Sebastião Buani, para prorrogar o contrato da empresa com a Casa.
A Polícia sugere também a quebra dos sigilos bancário e telefônico de Severino e de Buani. Na quarta-feira, o empresário apresentou cópia de um cheque de 7,5 mil, entregue a Severino, segundo ele. O valor foi retirado de uma agência do Banco Bradesco, em Brasília, pela secretária de Severino, Gabriela Kenia Martins. Em depoimento à PF, ela afirma ter sacado o cheque por ordem do filho do parlamentar, Severino Cavalcanti Júnior, morto em acidente de carro em agosto de 2002.
Candidato a uma vaga na Assembléia Legislativa de Pernambuco em 2002, Severino Júnior teria utilizado o dinheiro para pagar despesas com gráficas em Brasília, onde o custo dos produtos seria "mais barato", disse Gabriela. Informações obtidas pela PF, no entanto, desqualificam a versão da secretária.
Consulta feita ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) constatou que nas despesas de campanha declaradas por Severino Júnior à Justiça Eleitoral não constam gastos com gráficas. Os únicos registros são uma contribuição recebida no valor de R$ 1 mil e uma despesa com documentos no valor de R$ 33,12.
A PF concluiu, portanto, de que a defesa apresentada pelos advogados de Severino é mentirosa ou houve crime eleitoral pelo filho do deputado. As informações do TSE mostram ainda que Severino pai e sua filha Ana Cavalcanti, que também concorreu em Pernambuco, fizeram todas as despesas de campanha no Estado.
A Polícia quer ouvir novos depoimentos de Gisele Buani, a tesoureira da empresa do pai, a gerente do banco onde o empresário tinha conta, Jane Albuquerque, e José Carlos Albuquerque, assessor de Severino que soube da existência de um dossiê contra o deputado.
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