| 14/09/2005 18h52min
Em depoimento hoje na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, o chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Luiz Gushiken, revelou que havia sugerido ao comitê de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva que não era recomendável aceitar doações do banqueiro Daniel Dantas, do Grupo Opportunity, porque "a postura ética do empresário poderia ser rompida facilmente".
Gushiken apresentou à CPI uma série de manchetes de jornais e revistas mostrando acusações contra o empresário. Ao responder a uma pergunta do deputado Maurício Rands (PT-PE), Gushiken insistiu que o esquema de repasse de dinheiro a parlamentares pelas contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza funcionou para financiamento de campanha.
– Esta não é uma crise de governo, mas um problema sistêmico, que exige a elaboração de novas leis – disse.
Além da Brasil Telecom, o Grupo Opportunity controlava as empresas Telemig Celular, Amazônia Celular e Brasil Telecom. As três operadoras de telefonia depositaram mais de R$ 40 milhões nas contas da agência de publicidade DNA, de Marcos Valério, no Banco do Brasil. A CPI dos Correios deve ouvir Daniel Dantas no dia 21.
Gushiken também disse considerar normal o investimento de fundos de pensão nas revistas do cunhado dele, Luiz Leonel. As publicações Investidor Individual e Investidor Institucional teriam recebido quase R$ 2 milhões dos fundos. Gushiken assegurou ao deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) que não influenciou os fundos de pensão para investir nas revistas. Gushiken irritou-se com a acusação de Mattos de que, quando foi ministro da Secretaria de Comunicação do Governo, queria fundar a "República dos fundos de pensão".
– Isso é calúnia e difamação – rebateu.
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