| 08/09/2005 20h48min
Policiais e militares de Nova Orleans atuam no resgate de vítimas do furacão Katrina. Há 25 mil bolsas de plástico preparadas para embalar os corpos que vierem a ser encontrados.
– Nossa prioridade é salvar vidas – disse o chefe da Polícia, Eddie Compass.
O sargento Leo Boeche, da unidade blindada da Guarda Nacional da Califórnia, com base em San Diego, disse que os 400 soldados de seu grupo estão patrulhando as ruas há vários dias oferecendo ajuda e socorro aos desabrigados.
O porto de Nova Orleans é o ponto de saída de 90% das exportações agrícolas dos Estados Unidos, e navios de carga passavam hoje pelo rio Mississippi, indicando que algumas das atividades portuárias voltaram ao normal. Também estão no porto o porta-aviões Iwo Jima e o barco anfíbio Bataan, de onde atuam dezenas de helicópteros militares que sobrevoam a cidade procurando desabrigados para resgatar.
O vice-presidente Dick Cheney, em visita à áreas devastadas pelo furacão no Mississippi, ficou diante da frustração das pessoas, que consideram que a resposta do governo à catástrofe foi demorada, insuficiente e desorganizada. Enquanto Cheney explicava as ações de Washington, um homem o interrompeu várias vezes com ofensas.
Nenhuma autoridade deu números precisos sobre os mortos, e as equipes de socorro recolhem corpos que flutuam pelas ruas, onde a contaminação da água, segundo a Agência de Proteção Ambiental, é 10 vezes superior ao nível aceitável.
A Cruz Vermelha ainda não entrou em Nova Orleans, mas atua em Baton Rouge, capital do estado da Louisiana, em um abrigo onde estão cerca de 5 mil pessoas.
O Congresso dos Estados Unidos deve aprovar hoje a liberação de uma segunda verba de ajuda aos desabrigados, no valor de US$ 51,8 bilhões. A Câmara de Representantes já aprovou a ajuda, que passa agora ao Senado, onde deve ser aprovada hoje mesmo. Na semana passada, o Congresso deu o sinal verde para uma verba de ajuda de emergência no valor de US$ 10,5 bilhões.
O presidente americano, George W. Bush, anunciou hoje que o governo dará a cada uma das vítimas do Katrina uma ajuda de US$ 2 mil dinheiro. Também serão simplificados os trâmites para que as pessoas que recebiam subsídios estatais, como cupons de comida ou seguro desemprego, possam receber os mesmos onde estiverem.
A atuação do governo americano diante da devastação causada pelo furacão Katrina levou a popularidade de Bush, aos níveis mais baixos de seu mandato: com 41% de aprovação, segundo uma pesquisa publicada pela empresa Zogby America nesta quinta-feira. A pesquisa, que nos últimos dois dias ouviu 1.157 pessoas em idade para votar de todo o país, mostra também que 69% dos americanos acham que a Cruz Vermelha respondeu ao desastre melhor do que o governo federal, contra os 17% que opinam o contrário.
Sobre a cobertura dos seguros, a firma Risk Mangement Solutions calculou que os prejuízos causados pelo Katrina poderiam superar US$ 100 bilhões, dos quais as companhias de seguro poderiam arcar com até US$ 35 bilhões.
Se essas cifras forem confirmadas, o Katrina se transformaria no desastre natural mais caro da história das companhias de seguros americanas, que agora tentam determinar quanto terão de pagar e especificamente que danos são os que estão cobertos por suas apólices.
O Departamento de Trabalho informou hoje que cerca de 10 mil pessoas perderam seus trabalhos e solicitaram seguro-desemprego nos Estados Unidos na primeira semana após a passagem do furacão Katrina. O furacão poderia acarretar a perda de 400 mil postos de trabalho até o final do ano, segundo os cálculos do Escritório de Orçamentos do Congresso.
Um grupo de 195 soldados do Exército mexicano chegou hoje aos EUA para dar ajuda aos desabrigados, em uma operação inédita. A tropa, que é composta por especialistas em saúde e comunicações, leva víveres, filtros de água e cozinhas comunitárias, que podem preparar 7.000 rações por dia, e ficará em San Antonio (Texas).
A companhia aérea centro-americana Taca anunciou hoje que suspendeu seus vôos para Nova Orleans durante os próximos cinco meses.
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