| 19/08/2005 20h39min
Após o depoimento à polícia e ao Ministério Público, o advogado Rogério Buratti, que foi secretário do ministro Antonio Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto, foi libertado e fez uma rápida declaração à imprensa, em tom de desabafo, na saída da delegacia, no início da noite de hoje. Apontado como operador de um esquema de repasse de recursos de empresas de lixo para diversas prefeituras, Buratti argumentou que, se cometeu algum erro, foi por razões políticas, por um projeto político.
Palocci negou, por meio de nota, ter recebido dinheiro das empresas de lixo. Também em nota, a empresa de limpeza urbana Leão Leão negou o pagamento de propina e alegou que as contribuições de campanha ao então prefeito de Ribeirão Preto foram feitas legalmente e registradas na Justiça eleitoral.
Buratti aceitou a proposta do Ministério Público estadual de delação premiada e afirmou que iria contar tudo o que sabe em troca da redução de pena e de sua liberdade provisória. Ele teria dito que teme por sua própria vida, e ouviu dos promotores que a melhor maneira de se proteger é falar. Segundo promotores que ouviram o depoimento na Delegacia Seccional de Ribeirão Preto, Buratti afirmou que Palocci recebia propina de R$ 50 mil mensais da empresa Leão & Leão, na época em que era prefeito de Ribeirão Preto.
Os recursos seriam repassados ao então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que os utilizaria para financiar campanhas do partido. Segundo a promotoria, outras prefeituras utilizavam o mesmo esquema. Ele informou que está analisando caso a caso. Buratti teria falado até agora sobre a prefeitura de Matão, onde a propina seria equivalente a 15% do pagamento do contrato.
– Ribeirão Preto não era porcentagem porque, segundo ele, o preço foi acertado. Nas outras cidades, o preço varia entre 5% e 15% do faturamento – contou o promotor Sebastião Sérgio da Silveira.
Neste mês, a CPI dos Bingos e o Ministério Público identificaram telefonemas de Buratti para a casa de Palocci em Brasília. Essas ligações teriam ocorrido no período em que o contrato da GTech com a Caixa estava sendo negociado. O advogado foi detido na quarta-feira depois que o Ministério Público interceptou telefonemas dele para o corretor Claudinet Mauad, nas quais o advogado determinava a destruição de provas. Os papéis apreendidos apontam para a existência de um esquema de compra e venda que seriam indícios de lavagem de dinheiro.
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