| 18/08/2005 00h54min
O doleiro Vivaldo Alves, conhecido como Birigüi, declarou em depoimento ao Ministério Público e à Polícia Federal que, por ordem de Flávio Maluf, filho do ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf, transferiu em 1998 US$ 5 milhões para o publicitário Duda Mendonça em uma conta no Citibank de Nova York.
Alves afirmou que, segundo Flávio Maluf, o dinheiro se destinava à campanha eleitoral de seu pai, que na época disputava com o tucano Mário Covas o governo de São Paulo. Maluf negou a história ontem.
Conforme Alves, o dinheiro teria sido transferido em parcelas de cerca de US$ 840 mil cada uma, entre junho e outubro de 1998. O ponto de partida seria a conta Chanani, no banco Safra de Nova York, com destino à conta da Heritage Finance Trust, no Citibank também de Nova York, "com favorecimento final ao publicitário Duda Mendonça".
Constam da base de dados do Safra de Nova York, que teve o sigilo parcial de algumas operações quebrado e enviado à CPI do Banestado, pelo menos duas remessas de US$ 840 mil, oriundas da Chanani e com o perfil semelhante ao descrito pelo doleiro.
De acordo com informações obtidas pela CPI do Banestado, que investigou evasão fiscal e lavagem de dinheiro, a Heritage movimentou, por meio dos bancos MTB, Safra, Merchants e Banestado, e pela offshore Beacon Hill cerca de US$ 31 milhões entre 1997 e 2003.
No domingo, reportagem revelou que Duda e sua sócia Zilmar Silveira movimentaram cerca de US$ 1,5 milhão no sistema financeiro americano usando a conta da offshore Agata, no MTB Bank. A Agata, que segundo a PF tem sede nas Ilhas Virgens Britânicas e pertence ao casal Myriam e Roger Haber, que vivem em São Paulo, movimentou US$ 600 milhões. O caminho das operações associadas a Duda e Zilmar passa por duas contas no BankBoston que, conforme a base de dados do MTB, pertenceriam ao publicitário e à sua sócia.
Na semana passada, a PF pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra do sigilo das contas que seriam de Duda e Zilmar no BankBoston, bem como daquela mantida pela offshore – conta cujos nomes dos sócios não são revelados – Dusseldorf no sistema financeiro americano. Os pedidos foram apresentados no âmbito do inquérito que investiga o pagamento do chamado mensalão e dependem ainda de apreciação do ministro do STF Joaquim Barbosa, relator do caso.
Em seu depoimento, prestado no dia 2 de agosto, o doleiro Vivaldo Alves disse que, ao ser intimado pela PF, entrou em contato com Flávio Maluf. Reunidos no escritório de um advogado, conforme contou o doleiro, Flávio teria pedido a ele que usasse do direito de somente prestar declarações em juízo. Alves recusou. Diante de procuradores e policiais, ele disse que estaria disposto a colaborar e passou a contar detalhes sobre suas operações, entre as quais as destinadas a Duda Mendonça.
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