| 02/08/2005 21h22min
Protegido por habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o médico Carlos Henrique Gross se recusou hoje a responder às perguntas feitas pelos deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Armas referentes à origem das armas apreendidas com ele em abril deste ano.
Gross, que foi preso em Santa Cruz do Sul com 42 armas de diversos calibres, como rifles, fuzis e submetralhadoras, além de mais de 6 mil cartuchos, responde ao processo em liberdade.
O presidente da CPI, deputado Moroni Torgan (PFL-CE), informou que a comissão já pediu à Justiça a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Carlos Henrique e de seu irmão Paulo César Gross – em cujo nome estavam algumas das armas apreendidas. A medida, segundo o deputado, poderá permitir a identificação das conexões dos dois com o tráfico de armas. O irmão de Carlos Henrique também foi convocado para falar hoje à CPI, mas não compareceu.
Em junho, a comissão já tinha tentado ouvir os dois durante diligências realizadas no Rio Grande do Sul, mas Carlos Henrique enviou atestado médico e Paulo César mandou o advogado representá-lo. Novamente em junho a CPI os convocou, mas os irmãos não apareceram.
No depoimento de hoje, Carlos Henrique declarou que é apenas um colecionador. Disse que tentou por duas vezes legalizar suas armas por meio do registro como colecionador, mas não obteve sucesso. A explicação não convenceu o presidente da CPI, segundo o qual algumas das armas apreendidas com o médico não são próprias de colecionadores. Como resposta, Gross criticou a identificação das armas feitas pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul e garantiu que não portava uma submetralhadora.
No dia 28 de abril, ele foi pego com 42 armas, das quais 27 ilegais, mais de 6 mil projéteis e US$ 27 mil no apartamento e em seu carro, em Santa Cruz. O material apreendido incluía armas de guerra como fuzis e submetralhadoras com poder de fogo para perfurar blindados.
Gross permaneceu duas semanas detido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) e foi indiciado pela Polícia Federal por porte ilegal. A polícia investiga o possível envolvimento do médico com tráfico internacional de armas.
Amanhã, às 14h, Paulo César, que tinha armas legalizadas em seu nome, também prestará depoimento na comissão.
– O hematologista não veio à CPI com a disposição de colaborar. O objetivo era omitir dados. Acreditamos que ele tenha usado o mesmo caminho de compra ilegal utilizado por criminosos. Mas prefere protegê-los a ajudar – afirmou o relator da comissão, o deputado federal Paulo Pimenta (PT/RS).
Apesar de se negar a responder questionamentos específicos, o médico contou que utilizava o arsenal para atirar em um estande de tiros na companhia de amigos, em Santa Cruz. Disse ainda que viajava a Chapecó (SC) com o mesmo objetivo. Além disso, reclamou que parte do armamento, dinheiro e computador ainda não foram devolvidos pelos policiais e que teve de fechar uma clínica devido à repercussão negativa do caso.
Com informações da Agência Câmara e de Zero Hora.
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