O presidente do Partido dos Trabalhadores, José Genoino, pediu afastamento da presidência do PT. O anúncio foi feito no início da tarde deste sábado, dia 9, pouco antes do início de reunião da Executiva do partido que acontece neste final de semana em São Paulo.

Genoino disse em seu pronunciamento à imprensa que pediu afastamento para não prejudicar o projeto de esquerda e de construção do socialismo conduzido pelo PT e também para não afetar o governo Lula, que ele apontou como estratégico para esse projeto. Ele disse que coloca o governo e o partido acima do seu projeto pessoal e de sua carreira.

– Minhas pretensões estão em segundo plano. Estou saindo para permitir uma repactuação interna do partido, com a escolha de uma nova comissão executiva que permita a recuperação do partido – disse Genoino, que ficou à frente da presidência do PT por 30 meses.

Na despedida, ele disse que cometeu erros e falhas, mas garantiu que não praticou atos ilícitos.

– O PT não compra e não pagou deputados. Buscamos fazer política formando consciências.

Ele disse também que deixou a presidência para facilitar o entendimento interno que leve à reconstrução do partido.

– Não queria ser obstáculo para revigorar o partido. Esta não é uma luta entre bons e maus. O nosso projeto é pluralista e vamos dar a volta por cima, surpreendendo mais uma vez os articulistas que acham que não sairemos desta – falou o ex-presidente do PT, que, muito emocionado, não quis dar entrevista, limitando-se ao pronunciamento.

Ao lado de outros militantes de esquerda Genoino organizou a Guerrilha do Araguaia. Em 1972 foi preso pelo regime militar, e cinco anos depois, quando libertado, retomou a vida como professor de História em São Paulo, sendo anistiado em 1979.

Mesmo tendo participado ativamente do movimento guerrilheiro, José Genoino filiou-se à ala moderada do PT, comandada por Luiz Inácio Lula da Silva. Eleito seis vezes deputados federal, participou de importantes momentos da política brasileira, como as Diretas Já, a Assembléia Constituinte e o impeachment do presidente Fernando Collor de Melo. Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso Genoino virou importante mediador entre o PT e partidos aliados da presidência.

Especialista em questões de Estado como segurança pública e Forças Armadas, José Genoino tornou-se presidente do Partido dos Trabalhadores quando Lula assumiu a presidência do Brasil. Atingido pelas denúncias do mensalão, o petista não conseguiu explicar empréstimos feitos pelo PT com aval do publicitário Marcos Valério. Conforme integrantes da Executiva do PT, a prisão de um assessor de seu irmão, o deputado José Nobre Guimarães, com mais de R$ 400 mil dólares no aeroporto em São Paulo foi "a gota d'água".

As informações são da Agência O Globo.