| 04/07/2005 17h29min
As empresas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de operar o suposto esquema de pagamento de mesadas a deputados da base aliada em troca de apoio parlamentar, realizaram saques nas mesmas datas ou em dias próximos que os da aprovação de matérias fundamentais para o governo no Congresso entre 2003 e 2004.
Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), apurado entre julho de 2003 e maio deste ano, mostrou que foram retirados das contas de empresas de Valério, principalmente via Banco Rural, o equivalente a R$ 27 milhões, sendo R$ 21,7 milhões pela SMP&B Comunicação e R$ 5,3 milhões pela DNA Propaganda.
Um levantamento feito pela agência de notícias Reuters, comparando as datas de deliberação e as retiradas financeiras dessas duas contas, revelam saques que se aproximam dos R$ 3 milhões, efetuados dois dias antes ou dois dias depois de votações polêmicas na Câmara, como as reformas da Previdência e tributária (primeiro e segundo turnos), e a aprovação de três medidas provisórias (bingos, salário mínimo, e a que concedeu status de ministro ao presidente do Banco Central). Nem todos saques, porém, têm proximidade com as votações.
– A vinculação de datas de votações importantes na Câmara dos Deputados com a liberação ou com saques em dinheiro do Banco Rural, nas contas da DNA e da SMP& B, significa a prova provada, o vestígio mais do que evidente, diante de tudo o que foi dito. Não provado, mas que ainda não foi desmentido – afirmou o líder do PFL, senador José Agripino (RN).
Movimento semelhante ocorreu no Senado, onde a coincidência se repetiu algumas vezes. Senadores ponderaram, no entanto, que apenas esse dado não seria suficiente para levantar suspeitas sobre o Senado, já que a Câmara sofreu acusações específicas sobre compra de votos. O senador Tião Viana (AC), ex-líder do PT no Senado, defende uma investigação profunda, tanto das notícias divulgadas pela imprensa quanto dos cruzamentos de dados, apesar de dizer que, pessoalmente, tem dificuldade em acreditar no mensalão.
As informações são da agência Reuters.
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