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Genoino diz que nova reportagem da Época não aponta irregularidades

Petista quer saber quem omitiu a fita durante dois anos

Ao comentar a segunda reportagem sobre o caso Waldomiro Diniz publicada pela revista Época, o presidente Nacional do PT, José Genoino, salientou que a publicação em nenhum momento mostra que o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República defendeu interesses ilícitos e irregulares em encontros mantidos em 2003. A declaração foi dada nesta sexta, dia 20, em entrevista ao Programa Atualidade, da Rádio Gaúcha.

A reportagem mostra que Diniz exerceu tráfico de influência no ano passado, quando já atuava no governo Lula. Uma proposta de suborno, envolvendo Diniz e o bicheiro Carlos Augusto Ramos, foi gravada e divulgada na edição passada da publicação, mostrando suborno recebido em 2002. Em entrevista no início da semana, Genoino alegou que o caso ocorreu em 2002, antes da gestão petista no Planalto.

– A revista, que teve todo o interesse de divulgar a primeira fita e tá divulgando a entrevista de Waldomiro, em nenhum momento fala que ele defendeu na relação com essas pessoas interesses ilícitos e irregulares. Fala que houve encontros – declarou Dirceu.

O próprio Waldomiro teria confirmado para a publicação que em janeiro de 2003 voltou a se reunir com Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Eles se encontraram com dois diretores da multinacional Gtech. Os empresários queriam discutir a renovação de um contrato de US$ 130 milhões para operar as loterias da Caixa Econômica Federal e conversaram no Hotel Blue Tree Park, a 500 metros do Palácio da Alvorada. Os executivos da Gtech eram o então presidente da empresa, Antônio Carlos Rocha, e o diretor de marketing, Marcelo Rovai. No dia 31 de março, um novo encontro se deu com os executivos, mas sem Carlinhos.

De acordo com Genoino, a entrevista do presidente da Caixa Econômica Federal, publicada em Época, mostra contrato que vinha desde 1997 e revisão judicial e essa negociação foi boa para o banco. Genoino lembrou que, conforme a revista, ninguém da Caixa manteve encontro com Waldomiro Diniz.

– A própria revista Época, que se esperava botar um fato concreto de irregularidade, não revela esse fato concreto – disse Genoino.

Apesar de Waldomiro Diniz admitir em entrevista ter mantido encontro com o bicheiro em 2003, Genoino reiterou que não existe denúncia de irregularidade do ex-assessor enquanto trabalhava na Casa Civil. Ele insistiu que o caso está sendo investigado pela Polícia Federal e pela Comissão de Sindicância dentro da administração pública, o que mostra que o governo está disposto a punir Waldomiro Diniz. O presidente do PT  voltou a dizer que é contrário à abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito, sugerida por Antero Paes de Barros (PSDB), porque o ato estaria centrado em um fato ocorrido em 2002, anterior ao governo Lula.

– Essas denúncias, tão detalhas pela revista Época, em nenhum momento atingem o PT. Esse cidadão (Waldomiro Diniz) nunca foi ligado ao PT – disse Genoino, acrescentando que se ele fosse ligado ao partido já teria sido afastado.

Genoino salientou que ocorreram dois crimes no caso Waldomiro Diniz: o primeiro, cometido pelo ex-assessor, e outro, o de espionagem política, ainda sem culpado. Ele declarou que na ocasião o governo não comandava nem o aeroporto, local onde foi gravada a irregularidade, nem a Polícia Federal do Rio de Janeiro, fazendo menção velada ao governo de Fernando Henrique Cardoso. Em seguida, disse que não tinha elementos para fazer ilação de nada.

– Por que a fita não foi revelada em 2002? (...) Qual é o interesse disso? – perguntou Genoino.

Sobre a CPI dos Bingos, Genoino acrescentou que é uma situação distinta, pois trata-se de uma investigação ampla, e, por isso, não há oposição do partido. Conforme levantameto realizado por Genoino, o PT nunca propôs abertura de Comissão a partir de fatos anteriores aos governos.

A respeito de matéria publicada no Correio Braziliense, revelando que Waldomiro possui uma propriedade de 5 hectares destinada a criação de cavalos, avaliada em mais R$ 500 mil, Genoino disse que cabe ao Ministério Público e à Polícia Federal investigar se ele tem salário compatível para a aquisição da propriedade.

Genoino afirmou que José Dirceu deve continuar comandando a Casa Civil. Ele falou que o PT repele radicalmente a tentativa de atingi-lo com as denúncias envolvendo Waldomiro. No encerramento da entrevista, ele defendeu que Lula não deve se pronunciar sobre os incidentes, já que o funcionário havia sido exonerado e um inquérito aberto.

 
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