O empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, apontado como bicheiro e envolvido em escândalo de propina que abalou o Palácio do Planalto nesta semana, detém 50% das ações da empresa que explora a Loteria do Estado do Rio Grande do Sul (Lotergs), a BET-Capital. Cachoeira virou acionista em agosto do ano passado, quando houve uma mudança na razão social da empresa Capital Construtora e Limpeza Ltda, que até então controlava a Lotergs e tinha como sócio o irmão dele, o Sebastião Almeida Ramos Júnior.  A Capital formou parceira com o grupo coreano BET, formando a  BET-Capital.

A BET- Capital Limitada é responsável pela impressão e distribuição dos bilhetes da loterial estadual. As informações foram divulgadas pelo secretário estadual da Fazenda, Paulo Michelucci, na tarde desta segunda, dia 16, durante entrevista à Rádio Gaúcha.

Michelucci afirmou que o governo do Estado pode rescindir o contrato de exploração da Lotergs caso haja prejuízo à prestação do serviço ou se confirmem as denúncias envolvendo Carlinhos Cachoeira. O processo de exploração no Estado está sob análise desde setembro do ano passado, quando a empresa BET-Capital obteve na Justiça permissão para explorar a Lotergs.

O secretário explicou como aconteceu a abertura da licitação e como é a exploração do serviço da loteria estadual. Segundo  ele, a abertura da licitação começou em 29 de maio de 2001, chegando no ano passado a um processo de migração. Na época, a constituição da empresa, Capital Construtora e Limpeza Ltda, pertencia aos sócios Sebastião de Ramos Júnior, com 50%, e outro sócio, Lenine Araújo de Souza.

No ano passado, houve uma nova constituição na Capital com a entrada da  coreana BET Company, cujo representante, o Cachoeira, passou a deter 50% das ações da empresa que passou a se chamar BET-Capital Ltda. Com isso, o irmão do bicheiro, Sebastião Ramos Júnior, não é mais um dos sócios. Ao controlar a loteria estadual gaúcha, modalidade de jogo de baixa rentabilidade, a intenção de Cachoeira seria estabelecer uma base para mais tarde dominar o milionário negócio de jogos eletrônicos no Estado, o que teria conseguindo em 2003 ao associar-se com o grupo coreano BET.

O secretário também explicou que a análise do pedido de migração para um processo eletrônico seria a exploração em terminais eletrônicos, tanto via online, em Internet, ou em terminais bancários. Segundo Michelucci, a repercussão fora do Estado, tanto em Goiás quanto no Rio de Janeiro, podem vir a trazer a rescisão do contrato no Estado.

Segundo Michelucci, dois pleitos tramitam dentro da Secretaria da Fazenda. Um diz respeito à migração para o sistema eletrônico, referente às duas modalidades a qual a empresa está habilitada a atuar, e a outra para análise da alteração societária concedida na Junta Comercial de Goiás, que manteve o CNPJ da empresa, não havendo portanto criação de uma nova empresa, sem haver modificação na finalidade da empresa. Segundo o secretário, o governo gaúcho solicitou novos documentos fiscais, pois parte dos papéis estão em nome da BET- Capital Limitada e parte no da antiga empresa Capital Construtora e Limpeza.

Na Assembléia, o líder da bancada do PPS, deputado Bernando de Souza, vai analisar documentos solicitados pelo Movimeno Justiça e Direitos Humanos. Caso os documentos tenham relevância em relação à contratos da exploração da loteria do Estado quanto a questões ilegais, ele solicitará entao abertura de CPI.

Segundo reportagem da revista Época desta semana, Cachoeira teria pago propina a Waldomiro Diniz, um dos principais assessores e amigo do homem forte do governo Lula, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. A denúncia provocou a demissão de Diniz da Subchefia de Assuntos Parlamentares do Ministério da Coordenação Política, na sexta. À época em que Diniz presidiu a loteria fluminense, nos governos Anthony Garotinho (1998-2002) e Benedita da Silva (2002), o bicheiro firmou um contrato com a Loterj para explorar máquinas de jogo on-line, seu principal negócio no Rio.

Com informações da Rádio Gaúcha.