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 | 16/02/2008 15h52min

O dossiê da mudança de comando no Grêmio

Troca de Mancini por Roth ainda ecoa no Estádio Olímpico

Luis Henrique Benfica

O jogo deste domingo, contra a Ulbra, às 16h, já não terá vestígios do antigo técnico Vagner Mancini, 41 anos, demitido na quinta-feira sob a alegação de ser ofensivista e light demais. Em Canoas, o comando será do interino Júlio Camargo, que já anunciou time com três zagueiros e dois volantes.

De uma cabine do estádio, o novo técnico Celso Roth estará de olho no time que foi construído nos primeiros 43 dias da temporada, desde 3 de janeiro. A disputa interna pelo comando da equipe pode ter sido a principal causa da demissão do treinador trazido do Al Nasr, dos Emirados Árabes. Veja alguns episódios que ajudam a esclarecer por que a relação azedou.

O estilo light

No dia 12 de dezembro, data da apresentação no Olímpico, Vagner Mancini, de blazer azul, declarou:

– A partir de hoje, o time terá a minha cara e o meu estilo.

Para os dirigentes, o estilo do técnico era excessivamente light. Suas palavras em tom baixo, durante as palestras dos jogos, inquietavam a direção. Em suma, Mancini era considerado educado demais.

– Com jogador tem que falar grosso – comenta um dirigente.

– No futebol, uma pessoa educada acaba sendo vista como sem pulso no vestiário. Eu blindava os atletas de uma atitude mal-educada no vestiário. Essa antipatia (com dirigentes) passou a existir nesse momento. Para ter pulso, não precisa bater, ser ignorante. O argumento é mais forte que um tapa – retruca o ex-técnico gremista.

A contrariedade

A insistência do técnico ao denunciar publicamente as carências técnicas do time incomodavam Paulo Pelaipe. O diretor de futebol argumentava que, em 2008, as contratações seriam feitas a médio prazo.

No dia 4 de janeiro, antes do embarque para a pré-temporada em Bento Gonçalves, Mancini lamentava começar o trabalho longe de ter o grupo completo. Excetuados o lateral-esquerdo Hidalgo e o volante Eduardo Costa, os torcedores que assistiam aos treinamentos da Serra praticamente desconheciam o grupo.

Após o empate contra a Sapucaiense, no dia 23 de janeiro, naquele que foi apontado como o pior jogo da temporada, Mancini anunciou:

– Vou manter a equipe porque não tenho muitas opções para mudar.

Eram freqüentes as queixas pela falta de um articulador. A derradeira foi em Cuiabá, após a vitória sobre o Jaciara por 1 a 0:

– Nos falta um meia-armador, que marque e faça o time jogar.

Era uma referência às promessas não concretizadas da contratação de jogadores do porte do argentino DAlessandro e dos brasileiros Danilo e Souza, ambos ex-São Paulo.

O ofensivismo

O dia 23 de janeiro pode ser apontado como o do início da queda de Mancini. A partir do empate em 1 a 1 contra o Sapucaiense, em São Leopoldo, ficou claro para a direção que o estilo era ofensivo demais.

– Ele entrou com um 4-2-4 louco. Nem com Pelé e Garrincha esse esquema funcionou – comentou um conselheiro, referindo-se ao meio-de-campo de Eduardo Costa, Willian Magrão, Peter e André Luís.

A mesma formação foi repetida na vitória por 1 a 0 sobre o Santa Cruz. Aos poucos, Mancini foi convencido a atuar com mais cautela, colocando Adilson no setor. Com o ex-júnior na equipe, o rendimento cresceu. O primeiro tempo do empate em 2 a 2 com o Caxias e da vitória por 2 a 0 sobre o Novo Hamburgo foram considerados bons.

– Contra o Jaciara, ele teve uma recaída – completou o mesmo conselheiro.

A demissão

A queda começou a ser decidida às 23h de quarta-feira. Sentado no sofá da sala de sua casa, recém-chegado do Rio, onde votou pela reeleição de Ricardo Teixeira no comando da CBF, o presidente Paulo Odone assistia ao segundo tempo de Jaciara e Grêmio. Nervoso com o desempenho do time, ligou para Paulo Pelaipe. Pediu providências imediatas.

Pelaipe embarcou para Porto Alegre no dia seguinte, às 5h, seis horas antes do resto da delegação. Chegou às 13h30min e reuniu-se com Odone e o assessor da presidência Alfredo Oliveira em um restaurante do bairro Moinhos de Vento. Comeram massa, beberam vinho e concordaram que Celso Roth, conhecedor da cultura gaúcha de jogar futebol, seria o substituto. Os detalhes foram acertados pouco depois com Jorge Machado, representante de Roth. Estava consumada a troca do estilo ofensivo e light de Mancini pelo defensivo e brigão de Roth.

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