| 24/06/2002 15h32min
O dólar comercial opera em queda no início desta tarde. Perto das 15h, a moeda norte-americana era vendida a R$ 2,800, a menor cotação do dia. Às 11h32min desta segunda, 24 de junho, a divisa chegou ao pico de R$ 2,861, recorde desde a implantação do Plano Real.
O risco-país continua caindo. O EMBI+ brasileiro, medido pelo banco JP Morgan, apresentava às 14h30m queda de 4,24% em relação ao fechamento de sexta-feira e estava em 1.670 pontos.
Analistas atribuem o aparente bom humor do mercado financeiro ao crescimento de José Serra (PSDB) na pesquisa CNT/Sensus divulgada hoje. O candidato tucano aparece com 20,1% das intenções de voto. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda está à frente, com 36,1%. No entanto, Serra cresceu sete pontos e Lula teve queda de quatro pontos, de acordo com o levantamento.
A divulgação da pesquisa sobre a corrida à Presidência da República também teria influenciado os negócios na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). No início da tarde, a Bovespa operava em alta de 2,12%. O Ibovespa apresentava, às 14h29m, 10.618 pontos e volume financeiro de R$ 324,3 milhões.
Hoje, o secretário do tesouro dos Estados Unidos, Paul O´Neill, voltou atrás na sua posição de se opor à concessão de novos créditos do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao Brasil. O´Neill decidiu se retratar após reação do ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o do presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Fernando Henrique Cardoso também tentou intervir diretamente com o presidente norte-americano George W. Bush. A declaração de O'Neil na última sexta, dia 21, aumentou a falta de confiança do mercado mundial na economia brasileira. Ele disse que a turbulência no mercado financeiro brasileiro é resultado de fatores políticos e não econômicos.
A fim de conter a escalada do dólar, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu aumentar de 15% para 20% o recolhimento compulsório sobre depósitos em caderneta de poupança, informou o BC nesta segunda. O dinheiro não retido no BC é utilizado para financiar a casa própria. Segundo comunicado, a medida terá um efeito sobre o mercado financeiro de retirada de R$ 6 bilhões e entra em vigor na data da sua publicação. A remuneração desse recolhimento será de TR mais 6,17% ao ano. A medida ainda poderia conter a procura da população por bens reais, como imóveis, que poderia pressionar os indicadores de inflação. Há dez dias, o BC já havia aumentado de 10% para 15% o compulsório recolhido sobre os depósitos a prazo (aplicações financeiras como fundo de renda fixa) feitos nos bancos.
Neste fim de senama, foi deflagrada uma operação para reduzir a tensão do mercado financeiro. Da parte da oposição, o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas de intenção de votos, antecipou declarações se comprometendo com um superávit primário (diferença entre receitas e despesas do governo sem incluir juros). O presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, irá à Europa na quarta-feira, dia 26, para tentar conter a onda de incerteza que provocou uma desvalorização dos títulos brasileiros. Fraga também estaria preocupado com a redução de crédito internacional para os exportadores brasileiras, justamente o último tipo de crédito a ser afetado em situações de crise. A convergência de objetivos entre o governo e a oposição é resultado da velocidade da deterioração dos títulos brasileiros no Exterior.
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