| 16/03/2002 18h59min
Zero Hora – O senhor teme pela unidade do PT depois da prévia?
Olívio Dutra – Eu entendia que neste ano e, na conjuntura que temos, nós poderíamos dispensar a prévia tanto aqui como em nível nacional. Essa seria a situação ideal, mas o ideal nem sempre é atingido. Não tendo conseguido o consenso é preciso que predomine o bom senso. Temos um processo que se conclui neste domingo. Tenho a convicção de que sairemos revigorados e com os filiados instigados para serem incendiadores da cidadania para o embate verdadeiro com os adversários do nosso projeto.
ZH – Mas as agressões que têm ocorrido nos últimos dias não podem com prometer a unidade necessária na eleição?
Olívio – Em momentos assim, alguns podem eventualmente ter esta ou aquela postura que não combina com o padrão do debate qualificado que sempre tivemos e que vamos manter até o fim. Nós estamos nos preparando não para um embate interno, como se tivéssemos adversários dentro do partido. Nossos inimigos estão no outro campo, são os partidos que compõem a base do governo federal, têm maioria na Assembléia e representam o grande capital, o latifúndio.
ZH – O senhor diria que a pesquisa encomendada pelo prefeito Tarso Genro foi supervalorizada no PT?
Olívio – O nosso partido tem uma cultura de não se alimentar com pesquisas, mas não se pode fazer de conta que não existem e neste ou naquele momento precisam ser melhor analisadas.
ZH – Defensores da sua candidatura têm dito que a pesquisa encomendada pelo grupo do prefeito foi manipulada. O senhor avaliza essas críticas?
Olívio – Eu não dou importância para esses adjetivos em torno de pesquisa, como nunca dei importância, nunca superestimei pesquisas. Nosso partido nunca fez isso. Então essa questão de pesquisa não é o principal neste debate e nem vai descaracterizar a qualidade do debate que estamos fazendo sobre o nosso governo, projetando a possibilidade de governar num patamar ainda mais avançado num segundo período.
ZH – Caso o caso o senhor não seja o vencedor da prévia, como será sua participação na campanha de Tarso?
Olívio – Não trabalho com hipótese negativa ou positiva. Trabalho como um dos milhares de militantes do meu partido para que ele seja vencedor e não eu ou outra figura individual. Estou como sempre estive, trabalhando pelo sujeito coletivo que é o PT e os partidos do campo popular-democrático.
ZH – Partidários da sua candidatura têm insistido na tese de que seria um desgaste muito grande para o PT o prefeito Tarso Genro renunciar com um ano e meio. O senhor partilha dessa tese?
Olívio – As candidaturas são legítimas. Se não fôssemos o Tarso e eu, outros seriam candidatos e todos teriam legitimidade para postular. No PT ninguém é mais do que ninguém porque ocupa este ou aquele cargo. Penso que esta é uma questão que os filiados do nosso partido vão naturalmente considerar na hora de votar.
ZH – Se o senhor vencer a prévia, o vice-governador Miguel Rossetto deve ser mantido como companheiro de chapa?
Olívio – Nós somos um partido com uma riqueza interna muito grande. Temos pluralidade, diversidade, debates. Isso faz o nosso partido estar se renovando sempre. O interior do partido se movimenta, as correntes se articulam, umas desaparecem, surgem novas. A questão do vice-governador é uma questão que, como de outras feitas, o partido vai resolver bem. Não é indicação do eleito. A chapa majoritária deve refletir o melhor possível a nossa pluralidade, a nossa diversidade.
ZH – A sua expectativa é de que o vencedor tenha uma vantagem expressiva ou será uma prévia apertada?
Olívio – Eu estou preparando o partido – e penso que esta também é a disposição de Tarso – para sair maior do que antes e partir para o embate verdadeiro com o projeto do adversário, que virá com três ou quatro candidatos. Se a gente não ganhar no primeiro turno, eles certamente fecharão todos com um desses candidatos. Bueno, que venham, e que seja o que mais representa o projeto que derrotamos em 1998. Pode até ser o ex-governador, que sequer nos passou o mandato.
ZH – Qual é o seu principal argumento para pedir aos petistas que votem no senhor?
Olívio – Primeiro, que não sou candidato de mim mesmo. Meu nome foi apresentado por inúmeras correntes internas do partido, todas elas querendo pluralidade, expressão da nossa riqueza e da nossa diversidade. Meu nome também foi apresentado por um número considerável de filiados não-vinculados a esta ou àquela corrente. Coloquei meu nome à disposição do partido porque temos uma equipe com experiências acumuladas em governar o Estado. Nosso governo sempre teve julgamento desde o primeiro dia e temos condições não só de defender o governo, mas de avançar ainda mais junto com o povo naquilo que o povo já conquistou conosco neste primeiro mandato.
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