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Zero Hora – A unidade do PT fica ameaçada depois desta acirrada disputa?
Tarso Genro – Pequeno temor sempre existe, mas nós que temos maior visibilidade pública precisamos fazer um esforço para que não ocorra nenhuma divisão. Este é o momento em que a direção partidária deve exercer enorme influência. Acredito que os atritos que ocorreram serão superados depois da prévia. É claro que os debates passaram um pouco da medida. Mas mesmo com a virulência de determinadas formulações, nenhuma delas compromete a manutenção de um diálogo entre nós para unificar o partido. As prévias não estão determinando uma cisão. O partido já estava separado desde 1998. O que estamos fazendo é um debate para rejuntá-lo.
ZH – O grupo que apóia o governador Olívio Dutra considerou um golpe divulgar uma pesquisa, cujos resultados favorecem o senhor, às vésperas da prévia. Qual a sua avaliação sobre isso?
Tarso – Esse é um assunto que eu não vou mais comentar por recomendação do partido. Mas as pesquisas são sempre aproveitadas por quem supõe que lhe sejam favoráveis. Assim como a pesquisa do Ibope foi largamente aproveitada, sem nenhuma observação ética de nossa parte, pelos companheiros que sustentam Olívio, a outra pesquisa foi supervalorizada pelos meus companheiros. Isso é normal em política. Não podemos é transformar isso numa discordância invencível entre nós. A pesquisa foi feita para recolher informações para a nossa ação política. É apenas um dado empírico da realidade. A pesquisa não era para ser divulgada. Faço um apelo à militância para que não vote influenciada por pesquisas, e sim por posições políticas e pelo convencimento de quem é o melhor candidato.
ZH – Caso o senhor não seja o vencedor da prévia, como vai ser a sua participação na campanha eleitoral?
Tarso – Vou chamar toda a militância que me apoiou a trabalhar na campanha para reeleger o companheiro Olívio e respeitar minhas funções como prefeito, como estou respeitando agora na prévia. Vou participar da campanha intensamente.
ZH – Se o senhor vencer a prévia terá de defender durante a campanha um governo que o próprio PT rejeitou ao não escolher Olívio Dutra candidato. Como o senhor pretende enfrentar isso?
Tarso – Esse é um argumento que não está adequado à nossa visão de partido nem a nossa ética pública. Isso suporia que o candidato a governador ou a prefeito tem direito automático à reeleição. Nós, historicamente, não só temos uma restrição à reeleição como entendemos que os indivíduos representam o projeto, e não a si mesmo. Nossa preocupação nunca se dá colocando o indivíduo acima do partido e do coletivo. Isso ocorreu aqui na prefeitura. Se eu ganhar a prévia, não será uma vitória contra o Olívio, mas de afirmação do projeto.
ZH – O senhor não teme ser cobrado por renunciar ao cargo de prefeito com apenas um ano e meio de mandato?
Tarso – Não há nenhum problema em relação a isso. Nós temos uma tradição no partido de acolher as determinações partidárias. O companheiro Olívio renunciou ao mandato de deputado federal para ser candidato a prefeito de Porto Alegre (em 1988). A maioria assim exigiu. Do ponto de vista político, o meu compromisso com Porto Alegre se torna maior. Porto Alegre terá seu prefeito eleito como governador do Estado. Portanto, a cidade terá mais força política do que já tem no país.
ZH – Qual é a sua expectativa em relação ao resultado ?
Tarso – Pela lógica, mas lógica não é política, nós teremos uma boa diferença. Me parece certo que não será uma diferença pequena, seja Olívio vencedor, sejamos nós os vencedores. Uns 5%, 6% dos filiados do partido estão decidindo nesse último momento em quem vão votar. Eles que vão definir o candidato.
ZH – Se o senhor for o vencedor da prévia, Miguel Rossetto deve ser novamente indicado candidato?
Tarso – Vamos lutar para que o partido indique um companheiro do campo derrotado. A pluralidade não é uma questão estatutária nem normativa, é um princípio político. Quando fazemos a crítica da ausência da pluralidade nós não estamos dizendo que o atual governo violou qualquer norma partidária. Quem será o vice, não temos nenhuma visão sobre isso. Tem nomes ilustres do outro lado, mas não precisa ser necessariamente da DS.
ZH – Qual é o seu principal argumento para convencer o filiado a votar no senhor neste domingo?
Tarso – Nossa pré-candidatura tem três fundamentos. Um deles é a pluralidade, para ter um diálogo mais amplo com a sociedade. Defendemos também que o próximo governo, sem juízo crítico ao atual, faça política nacional de maneira permanente, conectando nossas grandes questões com um projeto para o país. Queremos que o Rio Grande do Sul reocupe lugar de destaque para pautar politicamente o país. O terceiro argumento é que nós achamos que temos um bom potencial eleitoral.
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