| 07/03/2002 08h03min
– Este é o momento mais difícil de toda a minha vida e destes sete anos do governo – desabafou com amigos o vice-presidente da República, Marco Maciel, que participa nesta quinta-feira, dia 7, da reunião da Executiva do PFL, que anunciará seu rompimento com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Maciel deverá referendar a decisão do PFL, minutos depois de ter devolvido o cargo ao titular, que chegaria de madrugada de uma viagem ao Panamá. O cargo de Maciel não pertence ao PFL e, muito menos, ao governo. Por uma dessas ironias da vida, Maciel está sendo arrastado pelo PFL a uma decisão de solidariedade à governadora Roseana Sarney, com cujo pai, José Sarney, rompeu quando era seu ministro-chefe do Gabinete Civil.
O PFL, que já nasceu dividido, tem três grupos: o de Maciel, cujo representante é Jorge Bornhausen, o do clã Sarney e, um outro, mais independente, do grupo de Antônio Carlos Magalhães. Essas correntes foram unificadas em 1994 em torno da candidatura de FH. Na última da série de reuniões de Roseana com as bancadas do PFL, foi-lhe sugerida mais uma tentativa de conciliação com o governo, em troca da demissão do ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, o que recusou. Na véspera, seu pai lera para ela e o comando do PFL o discurso que faria ontem. O alvo principal era Aloysio.
Sarney repetia a mesma acusação de ACM de que o ministro, na ditadura, era assaltante de bancos (Aloysio participou de grupos de guerrilha urbana nos anos 60, foi exilado e beneficiado pela anistia em 1979). Em entrevistas, o ministro não escondeu sua mágoa . Mas declarou:
– Eu não vou responder ao senador Antônio Carlos porque, no passado recente, tivemos uma convivência tão boa.
Na primeira versão do discurso de Sarney, ele fazia acusações de espionagem à Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Na segunda versão, lida ao PFL, a acusação desaparece, como desaparecem pesadas críticas a FH. Depois de conversas pcom o presidente e de um almoço com Bornhausen, Maciel disse:
– Não consegui adiar. E acho que a decisão não tem mais volta.
Mas diante a decisão do PFL de romper com o governo ficam dúvidas, por exemplo, sobre o destino das pessoas indicadas por ele para cargos no governo federal. Além do conflito político-partidário, o vice-presidente tem vivido um drama pessoal, o debilitado estado de saúde de sua mãe, Carmem. Entre uma articulação e outra, desabafa que gostaria mesmo era de estar ao lado de sua mãe.
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