| 04/10/2003 15h05min
O grupo militante Jihad Islâmica assumiu o atentado suicida que matou pelo menos 19 pessoas em Israel neste sábado, dia 4, e disse que a autora foi uma mulher da cidade de Jenin, na Cisjordânia. O grupo informou à agência Reuters, por telefone, que a mulher se chamava Hanadi Tayseer Jaradat, e tinha 19 anos. Ele disse ainda que o ataque foi uma vingança à morte do irmão e do primo da garota, membros da Jihad Islâmica mortos por tropas israelenses.
A explosão atingiu o restaurante Maxim, na principal via da cidade de Haifa, região norte de Israel. Na sexta, o grupo militante islâmico Hamas disse que uma barreira que está sendo construída pelo governo israelense para separar o país dos territórios palestinos na Cisjordânia não evitaria ataques. O comunicado do Hamas aumentou a campanha palestina contra a barreira, que serviria para acabar com os atentados suicidas.
O futuro primeiro-ministro palestino, Ahmed Qurie, pediu a interrupção de todos os ataques a civis após o ataque.
– O senhor Qurie incitou os palestinos e todas as suas facções nacionais e islâmicas para pararem completamente com essas ações que atingem civis e machucam nossa legitimidade – informou seu escritório por meio de um comunicado.
Esse foi o pedido mais claro de Quries por um fim à violência desde que foi nomeado pelo presidente Yasser Arafat no mês passado para substituir Mahmoud Abbas - que deixou o posto de primeiro-ministro dizendo que Israel e os Estados Unidos não estavam fazendo o suficiente para apoiar seus movimentos de paz.
O comunicado não deixou claro se Qurie estava exigindo um fim aos ataques em campos de judeus na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Palestinos disseram no passado que não os consideram como civis.
Os presidentes dos Estados Unidos, George W. Bush, e da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Yasser Arafat, condenaram o ataque suicida. Bush disse que os militantes palestinos são o "maior obstáculo" ao processo de paz no Oriente Médio. Para Arafat, o ataque vai contra os interesses nacionais da Palestina. Ele disse em comunicado que o ataque dá a Israel um "pretexto para obstruir os esforços internacionais para a paz".
– O presidente Arafat considera esta explosão como uma saída do consenso nacional numa hora difícil. E expõe os altos interesses do povo palestino a grandes perigos – disse um comunicado do gabinete do presidente da ANP.
Ele pediu ainda que Israel retire suas tropas do território palestino e permita imediatamente a vinda de observadores internacionais à região. Israel se opõe. Três crianças estavam entre os mortos no ataque ao restaurante, que fica à beira da praia. O atentado ocorre na véspera do dia do Yom Kippur, um dos feriados religiosos mais importantes do calendário judaico.
– Eu condeno inequivocamente o odioso ataque de terrorismo cometido hoje em Haifa, Israel. Este ato deplorável sublinha mais um vez a responsabilidade das autoridades palestinas em combater o terrorismo, que continua sendo o principal obstáculo à visão de dois Estados vivendo com segurança e paz lado a lado – afirmou Bush em comunicado.
Também neste sábado, o governo Bush está envolvido em "intensas discussões" sobre como reagir ao muro israelense, afirmou em entrevista o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell. Ele declarou ao jornal Washington Post que o governo norte-americando, descontente com a barreira que Israel chama de "cerca de segurança", está revisando todo o processo de construção da cerca, a sua localização e quais são os deveres legais dos Estados Unidos, entre outras questões.
– Se você quiser cercar o local que é reconhecidamente uma fronteira, a Linha Verde (que separava oficialmente Israel e Cisjordânia antes de 1976), então coloque-a no limite da sua propriedade. Porém, quanto mais você penetra em áreas palestinas, mais dá a entender que irá continuar a invadir regiões cada vez maiores daquele território, o que prejudica as negociações subseqüentes sobre as delimitações de um futuro Estado palestino, o que é um problema – disse Powell.
Os palestinos descrevem a barreira - composta por canais, cercas elétricas, muros de concreto e estradas de terra e asfalto - como um novo Muro de Berlim, argumentando que ela representa também a tentativa de criação de uma fronteira política. Israel afirma que o objetivo da barreira é prevenir atentados suicidas palestinos.
Os Estados Unidos podem subtrair os custos de construção da barreira dos empréstimos norte-americanos a Israel, algo que o governo também já indicou que fará com a verba usada na construção de assentamentos israelenses em território palestino.
As informações são da agência Reuters.
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