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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, questionou nesta quinta, dia 2, se a nova proposta norte-americana de resolução a respeito do Iraque ia longe o suficiente para entregar o poder aos iraquianos. Os Estados Unidos modificaram o esboço para uma resolução no Conselho de Segurança que enfatiza o passo-a-passo da transferência de poder, mas não dá prazo para a desocupação.
– Estamos estudando-o. Teremos de determinar se é uma mudança radical ou o quê. Obviamente, não vai na direção que recomendei, mas ainda tenho de estudá-lo mais – disse Annan.
Desde o atentado à sede da ONU no Iraque, em 19 de agosto, Annan vem dizendo ao Conselho que quer uma nova abordagem "radical" que torne o Iraque mais seguro, permitindo a volta da equipe da ONU. Dos mais de 600 funcionários estrangeiros da entidade no Iraque, só cerca de 30 permanecem lá.
A nova proposta dos EUA dá mais poderes à ONU, mas não um papel independente na transição. O principal objetivo de Washington é transformar a sua operação militar em uma força multinacional da ONU, sob comando norte-americano. A França quer a restituição imediata, ainda que simbólica, da soberania iraquiana, enquanto a Rússia defende que a ONU formule um cronograma.
– Achamos que a esta altura devemos dar à ONU a liderança do processo político, para trabalhar com todos os iraquianos, para desenvolver um cronograma que seja claro e leve à completa restauração da soberania, e esse processo pode ter o apoio de uma força multinacional – afirmou o embaixador russo na ONU, Sergei Lavrov.
Annan defendeu a criação de um governo provisório iraquiano dentro de três a cinco meses.
– O que queremos é um governo provisório soberano o mais rápido possível, para que possamos trabalhar no Iraque como fazemos com outros países, em vez de nos pedirem que sejamos parte de uma ocupação militar – disse um funcionário da ONU, exigindo anonimato.
O governo Bush quer que a nova resolução seja adotada antes da conferência de 23 e 24 de outubro em Madri, da qual participam países que podem fazer doações para a reconstrução do Iraque, avaliada em mais de US$ 35 bilhões. Nenhum país do Conselho de Segurança ameaçou até agora vetar a resolução dos EUA. A França afirmou que pode abster-se.
Pela proposta, o Conselho de Governo do Iraque, composto por 25 membros, vai criar um cronograma e um projeto para redigir a nova Constituição e convocar eleições, em cooperação com as autoridades ocupantes e com a ONU. A entidade ajudaria, se solicitada pelos iraquianos, no processo eleitoral e na criação de instituições.
Para contornar as objeções, o texto fala que a ocupação é uma "medida temporária", a durar até que "um governo internacionalmente reconhecido e representativo seja estabelecido". O texto prevê que a administração do país será ''progressivamente assumida pelas estruturas em evolução da administração interina iraquiana''.
– O dia em que os iraquianos governarão a si mesmos deve chegar rapidamente – afirma o preâmbulo da proposta.
As informações são da agência Reuters.
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