Após três dias de chuva intensa, a população de Praia Grande, no Extremo-Sul do Estado, ainda vive as consequências do mau tempo, apesar de não haver mais áreas alagadas. Mais de mil pessoas em oito comunidades estão isoladas do resto do município em razão da falta de acesso.

Seis pontes foram destruídas pela força da correnteza dos rios e outras sete estão condenadas. A maior preocupação do prefeito Valcir Darós é com as cerca de 250 crianças que estão impedidas de ir à escola nas redes municipal e estadual. Nas comunidades isoladas, 60 famílias ficaram desalojadas e estão amparadas nas casas de vizinhos e parentes.

Na terça-feira à tarde, o Rio Malacara transbordou e deixou ilhada a comunidade do Bairro Leão. De acordo com o agricultor José do Nascimento, 54 anos, ele e os vizinhos passaram parte da noite em vigília de olho no nível da água, que alcançou a porta da casa.

— Moro aqui há 15 anos. Sempre teve enxurradas por aqui. Mas nos últimos dois anos elas tem sido cada vez mais frequentes — disse.

No Centro de Praia Grande, o Rio Mampituba avançou 50 metros além das margens. O balneário às margens do rio ficou inundado e a passagem dos pedestres para o lado do Rio Grande do Sul ficou impedida.

— Esta é a segunda enxurrada que enfrentamos neste ano. O problema é o excesso de água que vem dos cânions e os rios não têm mais calha, estão saturados em razão do seixo e cascalho que se acumula — avaliou o prefeito.

Estragos ainda não foram somados

Na próxima semana, ele pretende reunir uma comissão com ambientalistas e Defesa Civil para formular um plano para o desassoreamento dos 10 rios que cortam o município, além dos afluentes. Conforme Darós, o desassoreamento resolveria 90% do problema de cheias e amenizaria os prejuízos na agricultura.

Por enquanto, os prejuízos no município não foram concluídos.

Em Turvo, no Sul, e em Bocaina do Sul e Ponte Alta, na Serra, que foram atingidas por tornados no domingo, os estragos também estão sendo contabilizados. Em Otacílio Costa, na Serra, também não há estimativa de gasto. A área mais afetada foi a agricultura.

Em Ponte Alta, a único hospital da cidade interditou na quarta-feira 20 de seus 56 leitos por causa de estragos provocados pela chuva do fim de semana.

No total, o mau tempo causou estragos em 16 municípios, deixando 196 desabrigados e 391 desalojados.

Quarta-feira, em conversa com internautas na página do Diário Catarinense na internet, o meteorologista Leandro Puchalski, da Central RBS de Meteorologia, disse que o verão é uma estação propícia para a ocorrência de tornados, como os verificados no domingo no Sul e na Serra Catarinense.