Há suspeita de fraude no sistema que libera dinheiro do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para atingidos pela enchente do fim do ano passado na Grande Florianópolis. Na relação de cerca de 800 ruas onde vivem moradores que podem sacar o benefício, estão locais onde a chuva não causou estragos.

Andréia Domingos, moradora de um condomínio no bairro Abraão que está incluído na lista disse que o local não foi atingido pela chuva. Em outro bairro, no Maciço do Morro da Cruz, parte de uma rua foi atingida, mas o benefício foi estendido a moradoras de casas que nada sofreram.

Na Avenida Rio Branco, no Centro de Florianópolis, o prédio onde funciona a Procuradoria Regional do Trabalho, foi habilitado a receber o benefício. O local fica em uma das partes mais altas da avenida e não foi atingido por desmoronamento ou alagamento. O procurador-chefe, Acir Alfredo Hack, se mostrou surpreso com a inclusão do prédio na lista.

— Parece ser no mínimo um erro grave de alguém que confeccionou o documento — disse.

Até agora foram liberados R$ 6 milhões na Grande Florianópolis. A gerente da Caixa Econômica Federal, Fátima de Lemos, disse que a responsabilidade de verificar se uma rua foi ou não atingida pela enchente é da prefeitura. A secretaria de segurança e defesa do cidadão da Capital recebeu informações de quatro secretarias municipais, da Fundação Municipal Meio Ambiente (Floram) e do Corpo de Bombeiros para formar a lista. Todas as solicitações de atendimento às vítimas da enchente foram feitas por telefone, cabendo à prefeitura fiscalizar.

— Nós teremos que encaminhar esta documentação para uma análise e, posteriormente, à Polícia Federal, caso seja constatada fraude no endereço — disse Maximo Seleme, secretário de segurança e defesa do cidadão.