| 16/12/2008 11h18min
A maior fraude da história do sistema financeiro dos EUA alcançou também o Brasil. Desde sexta-feira, dispararam as consultas de investidores a escritórios de advocacia. Eles querem saber se podem recorrer à Justiça, no exterior, para recuperar recursos aplicados em fundos geridos pelo americano Bernard Madoff. Ele foi preso na quinta-feira, em Nova York, acusado de comandar um esquema de pirâmide cujos prejuízos globais são estimados em US$ 50 bilhões. De lá para cá, pipocam no mundo todo informações sobre pessoas físicas e instituições financeiras e de caridade que tinham dinheiro investido nos produtos de Madoff.
Ex-presidente da bolsa eletrônica Nasdaq, o gestor, de 70 anos, era uma lenda de Wall Street. Os fundos administrados por ele eram conhecidos por seu desempenho constante, sem grandes oscilações. São pelo menos dois os canais por meio dos quais os investidores brasileiros se expuseram à fraude. Um deles é o Fairfield Greenwich Group, que se define, na página na internet, como
especialista na aplicação em ativos alternativos.
Segundo o site, o grupo tem uma representante no Brasil, Bianca Haegler, que não foi encontrada pela reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Em comunicado aos clientes, o Fairfield informou que, dos US$ 14,1 bilhões sob a sua administração, aproximadamente US$ 7,5 bilhões estavam aplicados em veículos financeiros ligados a Madoff.
O jornal tentou contato com a assessoria de imprensa do grupo, que fica nos Estados Unidos, mas não obteve retorno. O outro canal de transmissão para o Brasil já conhecido é o private banking, segmento voltado para clientes de alta renda, do grupo espanhol Santander. A área de private banking para América Latina, localizada em Miami, tem vários clientes brasileiros. Segundo uma fonte, muitos aplicaram recursos em fundos de Madoff oferecidos pelo Santander.
Diferentemente do que ocorre no Brasil, no exterior é comum uma instituição financeira
oferecer produtos de marcas diversas. O Santander
divulgou um comunicado no fim de semana no qual admite uma exposição de 2,33 bilhões de euros a fundos geridos por Madoff. A maior parte do dinheiro - 2,01 bilhões de euros - pertence a investidores institucionais e clientes do private banking internacional. O restante integra carteiras de investimento de clientes do private banking na Espanha.
Procurado pelo jornal O Estado de S. Paulo, o Santander informou que não vai se pronunciar especificamente sobre clientes brasileiros.
Comissão de Valores Mobiliários
— Não vejo absolutamente nada parecido com isso por aqui. Espero não estar enganada.
Com essa afirmação, a presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Maria Helena Santana, descartou um possível rescaldo para o Brasil do escândalo Madoff. Maria Helena fez questão de enfatizar que, até ontem, não obteve informações mais técnicas sobre o assunto e apenas leu reportagens publicadas em
agências de notícias.
— É assustador o que saiu (na
imprensa). Gente muito, muito qualificada que teria perdido US$ 1,5 bilhão. Então, não é nenhuma brincadeira. Acho que é uma fraude muito bem feita — afirmou.
Segundo ela, o Brasil não deve sofrer rescaldo do caso Madoff porque os fundos do ex-presidente do Nasdaq preso não operavam no País.
— Não tenho como falar muito sobre disso. (..) Eu li todas as matérias, fiquei virando de ponta a cabeça e não consegui entender como uma pirâmide pode fraudar investidores tão qualificados.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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