| 13/08/2008 07h42min
Atônito, o mundo assistiu no final da noite desta terça-feira (manhã de quarta-feira em Pequim) ao surgimento do maior atleta olímpico de todos os tempos. O nadador norte-americano Michael Phelps conquistou mais duas medalhas de ouro e tornou-se o único a subir 11 vezes ao lugar mais alto do pódio olímpico.
Phelps faturou as provas dos 200m borboleta e o revezamento 4x200m livre, ambas quebrando o recorde mundial. Antes, ele havia vencido os 400m medley, os 200m livre e o revezamento 4x100m livre. Mais cinco medalhas de ouro para se juntar as outras seis que abocanhou nos Jogos de Atenas, em 2004.
Com 11 ouros em duas Olimpíadas, Phelps superou as nove medalhas douradas conquistadas por Carl Lewis (atletismo, em quatro Olimpíadas), Mark Spitz (natação, em duas Olimpíadas), Paavo Nurmi (atletismo, em três Olimpíadas) e Larissa Latynina (ginástica artística, em três Olimpíadas).
Mas o quê, afinal, torna esse norte-americano de 23 anos um fenômeno do esporte? Uma série de fatores se combinaram para transformar Phelps no maior nadador e atleta olímpico de todos os tempos, mas dois são mais comumente citados: sua extrema dedicação aos treinamentos e seu biotipo físico.
Phelps nasceu em Baltimore no dia 30 de junho de 1985. De lá para cá, foram poucos os dias de sua vida que passou longe de uma piscina. Do carrinho de bebê, já assistia às irmãs mais velhas na aula de natação. Aprendeu a nadar aos sete anos. Aos 11, já chamava a atenção de seu técnico, Bob Bowman.
— Era principalmente seu talento físico e competitividade que se faziam notar — disse o treinador à agência Reuters.
Em 2000, Phelps fez sua estréia olímpica em Sydney. Aos 15 anos, ficou com o quinto lugar nos 200m borboleta. Mal terminou a competição e já começou o treinamento para a próxima Olimpíada. Nos quatro anos seguintes, não tirou mais do que quatro dias de folga, nenhum deles feriado.
Mas para além da extrema dedicação ao aperfeiçoamento da técnica de natação, Phelps tem um “defeito” físico que faz dele o nadador ideal — um torso desproporcionalmente longo e pernas relativamente curtas, que fazem com que ele deslize sobre a água como se fosse uma prancha.
— Ele é tão desengonçado como o personagem Tropeço, da Família Addams — descreveu o jornal The New York Times.
Além disso, a envergadura dos braços (leia-se remos) do nadador é cerca de 7,6 centímetros maior do que sua altura, que é de 1,92m. Nos membros inferiores, Phelps tem uma flexibilidade absurda nos tornozelos, cerca de 15 graus acima da média, que lhe permite transformar os pés em nadadeiras similares as de um peixe.
Por fim, Michel Phelps tem uma extraordinária capacidade de recuperação. Quando exigidos ao extremo, os músculos liberam ácido láctico, que provoca dor. A maioria dos atletas precisa de uma a duas horas para se recuperar totalmente dos efeitos do cansaço. Phelps pode se recuperar em menos de 30 minutos, o que explica sua capacidade de disputar tantas provas no mesmo dia.
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