Atualizada em 09/07/2008 às 03h42min
Marciele Brum
|
marciele.brum@zerohora.com.br
Fabricado pelo marqueteiro Duda Mendonça para ser o sucessor de Paulo Maluf (PP) na prefeitura de São Paulo entre 1997 e 2000, o economista carioca, até então desconhecido pelos paulistanos, Celso Pitta, 61 anos, tinha tudo para trilhar uma carreira de sucesso na política.
Clique no gráfico abaixo para ver matérias, comentário da colunista Rosane de Oliveira e como foi a Operação Satiagraha:
Após a bênção de Maluf e a vitória surpreendente sobre Luiza Erundina (PT) em 1996 - depois de começar a campanha eleitoral com 1% nas pesquisas - , Pitta caiu em desgraça. Antes mesmo de se tornar o segundo negro a comandar a maior
cidade do país, já colecionava denúncias.
Um dos principais esquemas
envolvendo seu nome foi batizado de Escândalo dos Precatórios. Chegou a ser afastado do cargo por 18 dias. A CPI que investigou o caso apontou um desvio de quase US$ 240 milhões de governos estaduais e municipais.
Quando encerrou o mandato, o ex-prefeito do PP era réu em 13 ações civis públicas. Antes da onda de suspeitas, Maluf manifestava confiança total no pupilo. Em 1996, declarou:
- Se Pitta não for um bom prefeito, não votem mais em mim.
Quatro anos depois, ele abandonaria o afilhado, que chegou a ser rotulado pela oposição de marionete malufista. Os dois romperam.
- Maluf me decepcionou por ter me abandonado. Enquanto me defendia, ele estava no Exterior - diria Pitta.
Magoado, Pitta deixou o PP. Outro golpe inesperado viria da ex-mulher Nicéa Pitta. Em meio à crise conjugal em 1999, ela afirmou que o marido e Naji Nahas eram sócios na empresa Yukon River, nas Ilhas Virgens Britânicas. A empresa faria
parte de um esquema de propina para Pitta e Nahas.
Nos últimos anos, o ex-prefeito tentou se reconstituir politicamente. Filiado ao PTB, concorreu a deputado federal por São Paulo em 2002 e 2006, mas não conseguiu se eleger.
Mesmo fora dos holofotes, as denúncias não param de persegui-lo. Em fevereiro, o ex-prefeito foi condenado por fraude e desvio de finalidade na emissão de títulos para pagar precatórios entre 1994 e 1996, quando era secretário de Finanças de Maluf. O esquema causou um prejuízo de R$ 600 milhões à prefeitura.