| 07/06/2008 11h07min
Responsável por perder dois dos cinco match points desperdiçados no fatídico quarto set na semifinal olímpica entre Brasil e Rússia quase quatro anos atrás, a atacante Mari está diferente. Apesar de nunca ter fugido das perguntas sobre o tema, a atleta está bem mais falante agora. Tanto que fez uma análise da disputa de Atenas-2004 e chegou à conclusão de que não havia merecimento para aquele grupo.
– O time de 2004 não tem nada a ver com o atual grupo, pois lá foi tipo um catado: pegaram todas as jogadoras, treinamos três meses e fomos jogar uma Olimpíada. Você treinar só este tempo, sem sacrifício, não é merecimento. E a gente pagou por isso – resumiu a oposto/ponteira, que vê uma situação bem diferente agora.
– Foram quatro anos deixando tudo o que gostamos para treinar e jogar as Olimpíadas. Essa é a nossa força. Passamos por tanta coisa nesses anos que temos uma força muito maior que em 2004 – destacou.
Campeã italiana pelo Pesaro, a atacante insinuou que se sente mais à vontade na atual seleção que há quatro anos.
– Agora sabemos o que a gente pode fazer o que não pode, o que pode ou não falar... A convivência de quatro anos faz a gente aprender muito e dentro de quadra o espírito do grupo muda – revelou.
Porém, nem tudo foi flores para Mari neste ciclo olímpico. Antes da disputa do Grand Prix no ano passado, a comissão-técnica da seleção brasileira a cortou do grupo sob a alegação de problemas técnicos, mas comenta-se nos bastidores que a real causa do afastamento foi indisciplina. Por sua vez, a jogadora diz não saber qual o motivo que levou ao ocorrido, mas garante uma coisa: aprendeu muito desde então.
– Esses quatro anos também tiveram coisas ruins, mas eu colhi como frutos bons disso. Eu não tenho nenhum problema com o Zé, a gente se dá super bem e ele me trata como se fosse uma filha dele. O corte fortaleceu nossa relação. A seleção também ficou mais forte porque no ano passado vocês viram o pepino que deu, com o time não ganhando nada. A equipe estava realmente dispersa. Esse ano vai ser diferente, pois sinto um clima para isso – explicou a jogadora.
– Ninguém aprende de graça, você tem que tomar porrada para aprender, dar a cara para bater e foi o que a gente fez – acredita.
Sincera, Mari ainda admitiu que não estava bem para a disputa da Copa do Mundo, no final de 2007, quando, sem ela, a seleção feminina assegurou vaga nas Olimpíadas com a segunda colocação.
– Naquela época, acho que eu realmente não estava me sentindo bem não só com o Zé Roberto, mas com o grupo, com o fato de ter que viajar, se preparar... Depois que fiquei na Itália, conheci outras pessoas, minha cabeça mudou – analisou.
Uma das atletas mais versáteis da seleção, com capacidade para jogar tanto como ponteira, oposta ou meio, Mari também admite que o fato de o treinador da seleção feminina ter trabalhado como diretor-técnico do Pesaro na última temporada.
– Se o Zé não tivesse lá, talvez teria demorado mais para falar com ele. Mais ou menos no final do ano, o Zé foi algumas vezes para lá e eu senti que não havia mais nenhum problema entre nós. O caminho estava livre, aberto para conversar e foi ali que eu vi que estava pronta para voltar – destacou.
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