| 14/05/2008 03h24min
Vendedores de cachorros-quentes, de batidas com álcool, de cervejas e de CDs e DVDs piratas observavam aos risos a fila de mais de cem metros nas bilheterias da Ilha do Retiro. Amontoada, em espetáculo que mesclou desorganização e bizarrice, a torcida do Sport se acotovelava atrás de ingresso. Uma amostra da esperança em virada sobre o Inter e classificação às semifinais da Copa do Brasil. A RBS TV transmite a partir das 21h50min a decisão na Bombonera nordestina.
Ao som de uma versão do Dança do Créu (Caiu na ilha é Créu), tocada, saída de caixa de som acomodada numa carroça de madeira branca, centenas de pessoas espremiam-se contra as paredes do estádio. Espertalhões aproveitavam a confusão para se infiltrar na fila. Segundo funcionários do Sport, a maioria dos "furões" era formada por cambistas.
Parar conter a massa, havia um isolamento feito por cavaletes amarelos carcomidos e uma fina faixa azul. Diante da multidão, quatro orientadores, nenhum uniformizado, procuravam manter a ordem. Policiais militares observaram a cena sem nenhuma intervenção. Só agiram pouco depois das 16h. Colocaram certa ordem quando os dois funcionários do Sport não conseguiam mais empurrar a multidão para trás.
Alguns torcedores se renderam e recorreram aos cambistas, que cobravam R$ 40 pela geral, oferecida por R$ 20 na bilheteria. As reclamações na fila eram de que boa parte dos 12 mil ingressos comercializados na segunda-feira estariam com ambulantes. Ao todo, o Sport colocou 32 mil à venda. Às 19h, restavam 11 mil.
Na parte de dentro do estádio, a cerca de 50 metros das concorridas bilheterias, sócios, dirigentes e torcedores
assistiam à inauguração do mastro de 60 metros
que mostrará para a cidade a bandeira do Sport - o maior de clubes na América do Sul e cinco metros maior que o do Inter. Foi o ponto alto das comemorações pelo 103 anos do clube, completados ontem. Sob a trilha das marchinhas da charanga Treme Terra, assídua nas sociais em dias de jogos, a bandeira de 9mx13m era hasteada. Houve foguetório, barulho e inúmeros gritos de apoio ao time. Um resumo do ambiente às vésperas da partida de hoje.
— Quanto a isso (festas e otimismo da torcida), prefiro blindar o grupo. Estamos em um clima muito bom, mas é só entre a gente — garantiu o técnico Nelsinho Baptista no lado de dentro da Ilha do Retiro, uma hora depois, na entrevista coletiva.
Nelsinho confia na força do Sport em casa. O
time está invicto em 2008, com nove vitórias e três empates. O goleiro Marcos, do Palmeiras, comparou o estádio à Bombonera, do Boca. Talvez porque os paulistas, além de eliminados com goleada de 4 a 1, sentiram na pele as hostilidades - tiveram o ônibus apedrejado.
O vice de futebol do Sport, Guilherme Beltrão, fez apelos em entrevistas para que os torcedores evitem provocações ao Inter. Mas todos no Hotel Atlante Plaza, endereço gaúcho na praia da Boa Viagem, e até mesmo policiais davam como certo o foguetório na madrugada. Se o parâmetro for a busca por ingressos, será complicado segurar os torcedores do Sport no que diz respeito à confusão.
Corrida por ingressos para a decisão provocou confusão e deu uma amostra do ambiente que o Inter encontrará nesta noite
Foto:
Guilherme Fister
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