Titi estreou como profissional do Inter da pior forma possível. Fez gol contra na derrota de 2 a 1 para o Atlético-PR, em Curitiba, e ajudou a agravar a crise na confusa gestão de Alexandre Gallo. Hoje, 355 dias depois, o zagueiro de 20 anos virou jogador de confiança de Abel Braga. Está escalado desde quarta-feira para enfrentar o Sport, no lugar de Marcão, expulso. Também deve ser titular amanhã, contra o Vasco.

O guri credita a mudança radical à família. Titi foi eleito pelo torcedor como um dos vilões da fase de derrotas da Era Gallo. Era abordado por colorados e ouvia pedidos para que fosse embora. Muitos diziam que não tinha condições de jogar no Inter. Isso sem se importar com seus 84 quilos e 1m87cm.

— Claro que isso mexia comigo. Sorte que tinha o apoio da família — lembrou.

Naqueles dias difíceis, seu José e dona Vera ligavam quase todos os dias. A mãe fazia viagens periódicas de Pelotas à Capital para apoiá-lo. Mimava, preparava a comida preferida e concedia o apoio que só uma mãe é capaz de dar.

Para preservar Titi, a direção e a comissão técnica o reconduziram ao Inter B. Com o time de juniores, disputou torneio na Coréia do Sul no segundo semestre. O retorno ao time B, onde era o capitão e tinha a confiança dos demais, foi decisivo na recuperação. O bom desempenho no Brasileirão Sub-20, em dezembro, era a prova que faltava para ser reintegrado.



Mas não foram apenas vitórias no campo que mudaram sua vida. Em janeiro, nasceu o filho Lorenzo, que hoje vive com a mãe. Para o zagueiro, a responsabilidade aumentou e trouxe benefícios:

— Assim como meu pai é um exemplo para mim, desejo ser para ele (Lorenzo).

Ainda em fase de afirmação, Titi enfrenta a instabilidade normal dos jovens. No primeiro jogo da final do Gauchão, foi expulso por exagerar na força em lance com Ivo. Nada que abalasse a convicção de Abel Braga. O crédito com o chefe o deixa tão confiante que ele até sonha em homenagear o filho com o gol da vitória sobre o Vasco, amanhã.