| 06/05/2008 19h35min
O Campeonato Catarinense chegou ao fim e os três torcedores avaianos envolvidos no caso da bomba que mutilou a mão do aposentado Ivo Costa, no dia 24 de fevereiro, continuam presos sem ainda ter ocorrido o julgamento. Todos os três acusados — Franklin Roger Pereira, Juliano Marinho de França e Guilherme Fretta Lacerda — tiveram seus pedidos de revogação da prisão preventiva negados por clamor popular. A comoção pública e a repercussão do fato são agravantes às acusações e motivam a manutenção dos torcedores no Presídio Santa Augusta, em Criciúma, até que ocorra o julgamento do processo, que ainda não tem data determinada.
Os advogados dos três acusados utilizaram como apelo nos pedidos de revogação os bons antecedentes, a residência fixa e a colaboração nas investigações, já que as prisões preventivas são decretadas para garantir o bom andamento do processo e a segurança da sociedade.
Os apelos dos advogados de defesa, porém, não tiveram efeito. Mais de dois meses após a prisão dos torcedores, ainda não foram encerrados os depoimentos das testemunhas de acusação. Apesar das negativas da Justiça, a defesa continua tentando as revogações para que os acusados respondam ao processo em liberdade.
Juliano Marinho de França, 22 anos, Franklin Roger Pereira, 22 anos, e Guilherme Fretta Lacerda, 33 anos, estão em celas separadas, à disposição da Justiça. Os três foram indiciados por porte de artefato explosivo. Juliano, ex-militar, foi indiciado ainda por crime de lesão corporal gravíssima.
Advogado prepara novo pedido de revogação
Nelson João Pimentel Ziliotto, advogado do lavador de carros Franklin Roger Pereira, está indignado com as recorrentes negativas da Justiça com relação aos pedidos de revogação da prisão do torcedor. Isso porque, segundo o advogado, Franklin colaborou desde o início com as investigações e ajudou na identificação dos outros dois envolvidos.
Pelo comportamento, Franklin, de 22 anos, chegou a ser liberado da prisão temporária. Porém, no dia 25 de março, retornou ao Presídio Santa Augusta e desde então permanece com prisão preventiva por participação ativa no crime. Para Ziliotto, não há motivos para manter os torcedores presos enquanto não ocorrer o julgamento. O advogado considera que há um excesso de dramatização no caso.
— Isso me envergonha. Meu cliente tem residência e emprego fixos, colaborou com as investigações desde o início, falando sempre a verdade. Não era necessária a prisão preventiva no caso dele. Isso aconteceu porque ele é pobre, a família sequer tem dinheiro para ir visitá-lo. Dizem que temos que confiar na nossa justiça, mas dessa forma fica difícil — desabafou Ziliotto, que prepara um novo pedido de revogação.
Defesa entrou com habeas corpus para Guilherme
Na última sexta-feira, dia 2, o advogado do ex-funcionário público Guilherme Fretta Lacerda, de 33 anos, entrou com mais um pedido de habeas corpus utilizando como justificativa o encerramento da competição e, portanto, a diminuição do apelo popular considerando que o fato já ocorreu há mais de dois meses.
— Estamos aguardando o despacho do ministro relator no STJ. Agora que está acabado o campeonato entendemos que não há mais motivação para clamor popular. Quando pedimos o outro habeas corpus tivemos um voto favorável e dois contra. Nosso voto a favor dizia justamente que clamor popular não mantém ninguém preso — disse o advogado Hélio Brasil.
A prisão preventiva de Guilherme Fretta Lacerda foi decretada junto a de Juliano Marinho de França, no dia 18 de março. Eles já cumpriam prisão temporária desde a última semana de fevereiro.
Ivo Costa perdoa agressores
Por diversas vezes, seu Ivo já afirmou à imprensa que perdoa os torcedores que lançaram a bomba.
— Não conheço o torcedor que fez isso, mas a raiva não leva a nada. Quero que Deus tenha piedade dele, não o quero mal. As autoridades vão puni-lo — disse o aposentado.
Pelo dano irreparável, seu Ivo tem direito a uma indenização de R$18 mil. O torcedor, que foi mais uma vítima dos episódios de violência no futebol, recebeu homenagens das torcidas do Avaí e do Criciúma.
O Figueirense, por meio do técnico Alexandre Gallo, dedicou a ele o título do Catarinense, conquistado em uma partida contra o Criciúma, no último domingo, em que o aposentado esteve presente. Caso o Tigre fosse campeão, a taça do título levaria o nome do torcedor que virou o ícone pela paz nos estádios.
Próximos passos
Nesta semana, o juiz Manoel Donisete, da comarca de Criciúma, retomou as atividades após período de férias e deve dar andamento ao caso, que estava com a juíza substituta Letícia Pavei Cachoeira. O promotor encarregado, Alex Cruz, está em recesso e quem assumiu o caso temporariamente foi Luiz Augusto Nagel, que foi procurado pela reportagem do clicRBS, porém, não se encontrava na promotoria durante o horário de expediente.
Nesta terça-feira foi publicado no Diário de Justiça o deferimento para a realização da perícia em três rojões. Ainda estão em andamento as provas de acusação e as duas últimas testemunhas serão ouvidas no dia 9 e no dia 14 de maio. Depois, será a vez das testemunhas de defesa, com data ainda indefinida. Só após a conclusão dos depoimentos é que será marcado o julgamento.
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