| 29/04/2008 17h03min
Com uma maratona para milhares de participantes, orações e vários espetáculos pelo país, a China celebrou nesta terça-feira (quarta-feira no Oriente) o início da contagem regressiva de 100 dias para os Jogos Olímpicos de Pequim. A cerimônia de abertura do maior evento esportivo o mundo está prevista para o dia 8 de agosto.
Por todo o país, crianças e adultos saíram as ruas na véspera para prestigiarem espetáculos alusivos à data. Cartazes gigantes foram espalhados por várias cidades com a imagem de esportistas chineses e o número 100. Em Pequim, várias pessoas se agruparam em frente ao relógio que faz a contagem regressiva para o início dos Jogos.
A expectativa do governo chinês é que a data marque também uma virada de rumo no evento, com o esporte em primeiro plano. Até agora, os Jogos de Pequim estão entrando para a história como um dos mais polêmicos, devido à serie de manifestações ocorridas durante o desfile da tocha olímpica ao redor do mundo.
Ao mesmo tempo que é apontado pelo ex-presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Juan Antonio Samaranch como a Olimpíada com potencial para ser a “melhor da história”, o evento em Pequim chega em sua reta final de preparação “em crise” admitida pelo atual titular do cargo, Jacques Rogge.
O problema está na opinião pública que tem se interessado mais pelas questões de direitos humanos que pelas preparações esportivas. Os milhares de dólares gastos na construção e reforma de algumas das sedes competitivas e na recuperação do centro histórico da capital ficaram em segundo plano.
O estopim da crise foi a violenta repressão às manifestações ocorridas no Tibete, em Lhasa, no início de março. Os tibetanos queriam chamar atenção para sua causa, mas foram violentamente reprimidos. Estima-se que dezenas de pessoas tenham morrido. Somou-se a isto os protestos de grupos pró-Darfur, que criticam os laços de amizade e colaboração da China com o governo do Sudão.
– O governo chinês tem um dos maiores problemas de relações públicas da história em suas mãos. Isto, junto com o hiper-nacionalismo chinês tem tudo para se tornar um desastre de relações públicas para os Jogos Olímpicos – comenta o cientista político David Shambaugh, diretor do programa de política chinesa da Universidade George Washington, nos Estados Unidos.
As manifestações de protestos têm sido feitas das mais variadas formas. A viagem de revezamento da tocha pelo mundo tornou-se um dos alvos prediletos. Em Paris, Londres e São Francisco, principalmente, grupos simpatizantes às causas tibetana e sudanesa divulgaram palavras de ordem e criticaram o governo chinês.
Na onda de reações contrárias, patrocinadores tradicionais das Olimpíadas como Coca-cola e General Electric correm o risco de ser afetados. Por mais que a segurança dos Jogos prometa agilidade, imagens ao vivo não podem ser completamente controladas.
Enquanto tenta encontrar a melhor maneira de lidar com a situação, a China mantém o ritmo acelerado de finalização dos preparativos para os Jogos. Das sedes, apenas o modernista Estádio Olímpico, apelidado de Ninho de Pássaro, ainda não foi finalizado. Todas as demais instalações já foram entregues e a maior parte já foi até testada em competições.
Iniciativas do governo continuam também a combater a poluição da cidade, incluindo medidas extraordinárias para o período das disputas, como o rodízio de automóveis e a limitação no funcionamento de algumas indústrias em Pequim e cidades próximas. Mas nada disso é capaz de garantir a tranqüilidade em um evento que tem despertado mais suspeitas do que certezas.
– Para mim, estes jogos permanecem um mistério que pode terminar de várias maneiras – diz o historiador olímpico David Wallechinski, uma das vozes contra a escolha da China para sediar o evento. – Acho que foi um grande erro. Não acredito que isto vá mudar a China ou ao menos controlar o Partido Comunista Chinês. O resultado principal é um olho roxo nas Olimpíadas, um olho roxo desnecessário – lamenta.
Com informações da Gazeta Press
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