| 01/02/2008 15h53min
Uma das mais tradicionais etapas do World Qualifying Series — divisão de acesso do surfe mundial — realizada no Brasil terá pontuação máxima, apesar de manter o nível 5 estrelas. Isso porque a sede da competição é considerada uma praia com ótimas condições de surfe e recepção dos atletas.
E nem poderia ser diferente. O local que há nove anos recebe a etapa é a Cacimba do Padre, em Fernando de Noronha (PE). Neste ano, o evento acontece entre os dias 12 e 17 de fevereiro. Há 22 anos consecutivos o Hang Loose Pro Contest é realizado no Brasil — passando pelo litoral catarinense, paulista e pernambucano.
O charme especial de Noronha, além das ondas tubulares e de excelente formação, faz com que a etapa de nível 5 estrelas pontue como uma competição 6 estrelas, ou seja, o campeão marca 2.500 pontos no ranking que classifica 15 surfistas para o WCT, correspondente à primeira divisão do surfe mundial. Esta "promoção" do evento, a ASP (Associação dos
Surfistas Profissionais)
denomina etapa "prime". Isso garante a presença de tops do ranking mundial e show de surfe para o público.
A premiação total oferecida aumentou para 110.000 dólares e a expectativa é de que o limite de 192 participantes seja preenchido, já que esta terceira etapa do WQS é o primeiro grande evento do ano no calendário da ASP. O tira-teima desta edição do Hang Loose Pro Contest será no número de vitórias de brasileiros e estrangeiros, empatados em 12.
A trajetória das vitórias brasileiras
O primeiro Hang Loose Pro Contest foi disputado em 1986 e marcou a volta do Circuito Mundial para o Brasil com eventos inesquecíveis na Praia da Joaquina. O bicampeão mundial Tom Carroll também foi bicampeão em Florianópolis nos dois anos seguintes. Em 1990 veio a primeira mudança para o litoral paulista e logo na estréia em Guarujá, o paraibano Fábio Gouveia conquistou a primeira vitória brasileira na história do Circuito Mundial da ASP. Depois de mais cinco temporadas na Região Sudeste do país, em 1996 o campeonato foi transferido para o Nordeste e não saiu mais de Pernambuco.
Começou percorrendo as principais praias do litoral sul do Estado, até atingir o objetivo maior que era chegar no Arquipélago de Fernando de Noronha. O Hang Loose Pro Contest estreou nas ondas da Cacimba do Padre no ano 2000, com o niteroiense Guilherme Herdy inaugurando a galeria dos campeões nos tubos do Havaí brasileiro. A segunda edição foi premiada com o lendário pico do Abras sediando as fases decisivas e o cearense Fábio Silva faturou seu segundo título, pois já havia sido campeão na estréia do evento em Pernambuco, na Baía de Maracaípe em 1996.
A hegemonia verde-amarela em Fernando de Noronha prosseguiu com Victor Ribas (RJ) e Neco Padaratz (SC) sendo os reis dos tubos na Cacimba do Padre nos anos seguintes, mas em 2004 o jovem Warwick Wright quebrou a série invicta de vitórias brasileiras no arquipélago e se tornou o primeiro sul-africano a ser campeão do Hang Loose Pro Contest. Em 2005, o californiano Bobby Martinez comandou o show com nota 10 em um tubo contra Dunga Neto (CE) na primeira final homem-a-homem do novo formato de disputa no WQS inaugurado no campeonato mais tradicional do surfe brasileiro. Em 2006, em outra decisão Brasil x Estados Unidos, Jean da Silva (SC) derrotou Gabe Kling, mas no ano passado o espanhol Aritz Aranburu voltou a igualar o número de 12 vitórias brasileiras e estrangeiras do Hang Loose Pro Contest.
Aussies dominam pelo lado estrangeiro
Os australianos dominaram os pódios do início da sua história na Praia da Joaquina, vencendo as quatro edições realizadas em Santa Catarina com um bicampeonato de Tom Carroll em 1987 e 1988. Em 1990, o evento mudou para São Paulo e veio outro bi da Austrália com Nicky Wood em 1991/92, logo após a primeira vitória brasileira na ASP de Fábio Gouveia. Mais dois estrangeiros venceram no Guarujá, até o paranaense Peterson Rosa recolocar a bandeira verde-amarela no alto do pódio. Uma multidão festejou seu título no evento que marcou a despedida do Hang Loose Pro Contest do Sul do país.
Em 1996, estreou em Pernambuco e os surfistas nordestinos aproveitaram o conhecimento das ondas para escreverem seus nomes na mais longa “Galeria de Campeões” de um evento de surfe mundial na América do Sul. O cearense Fábio Silva venceu a primeira edição na Baía de Maracaípe e o potiguar Marcelo Nunes ganhou a segunda também em Porto de Galinhas, Ipojuca. O baiano Armando Daltro levou a única disputada na Praia de Gaibú e só em 1999 o australiano Richard Lovett conseguiu quebrar a supremacia nordestina no litoral pernambucano. Entretanto, os brasileiros reiniciaram uma segunda fase de vitórias consecutivas em 2000, quando o campeonato mudou definitivamente para Fernando de Noronha.
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