| 21/12/2007 15h27min
Prevaleceu o óbvio. E, no caso da escolha de um local para o Juventude mandar suas partidas oficiais no primeiro bimestre do ano, ou enquanto durarem as reformas no gramado do Alfredo Jaconi, o óbvio correspondeu exatamente à conveniência logística. Assim, caso se confirme a previsão de aproximadamente 90 dias para a conclusão das obras no estádio alviverde, será no Centenário que a papada acompanhará seu time.
Desde o primeiro momento em que a necessidade de uma sede temporária para que o Ju mandasse suas partidas tornou-se evidente, o Centenário surgiu praticamente como resposta única. Talvez só ressalvada pela histórica rivalidade clubística.
Contudo, dentro da própria diretoria alviverde havia a percepção de que nenhuma das outras alternativas consideradas poderia contemplar tantas conveniências – em determinado momento surgiu até a palavra "benefícios" – quanto a casa grená.
Os estádios Homero Soldatelli, em Flores da Cunha, das Castanheiras, em Farroupilha, e até a Montanha dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, esbarraram em uma gama tão ampla de obstáculos que chegou a incluir até uma praça de pedágio no meio do caminho. Além de gramados em condições duvidosas, vestiários idem, iluminação deficitária, custos operacionais e de transporte, dificuldades de acesso aos torcedores e de trabalho para a cobertura da imprensa, sem falar na quase certa onipresença de torcedores rivais vinculados à dupla Gre-Nal. Esse último, um temor admitido recentemente pelo próprio vice de futebol juventudista, José Antônio Boff, o Boffinho:
– O meu medo é pegarmos torcedores da dupla Gre-Nal em outras cidades. Prefiro pegar algum torcedor do Caxias que vá aqui nos cornetear. Eu admito perder torcida para o Caxias. Agora, para Grêmio ou Inter, não! Isso não existe! Aqui em Caxias? "Sou do Grêmio, sou do Inter". Pára com isso! Não quer torcer para o Juventude, vai torcer para o Caxias, então!
Alheias a certo descontentamento em parcelas xiitas de ambas as torcidas, absolutamente contrárias ao ato de cordialidade, as duas direções costuraram o acordo com ampla tranqüilidade desde o primeiro momento. Na tarde de quinta, uma comissão liderada pelo coordenador de futebol alviverde Luiz Parise e composta pelos vices de patrimônio, administração, marketing e jurídico esteve no Centenário e conversou com o diretor administrativo-financeiro grená, Emir Alves da Silva.
– Não teve vistoria nenhuma – apressou-se em esclarecer Parise. – Foi apenas uma visita para troca de informações técnicas, para saber do funcionamento do estádio em dia de jogo. Um procedimento comum a todas as alternativas consideradas por nós.
Às 20h35min de ontem, um fax oficial do clube selou o que já se antecipava: nas datas locadas, o Centenário ficará totalmente disponível ao Juventude, que terá o mando dentro e fora do gramado.
"Interior deve se unir"
De acordo com o diretor administrativo-financeiro do Caxias, Emir Alves da Silva, pelo clube grená a cessão do estádio ao rival alviverde já está completamente acertada. Em termos financeiros, o Juventude terá de arcar apenas com o custo operacional do Centenário.
– O futebol hoje é profissional, não tem mais espaço para picuinhas entre gestores. A boa relação entre os clubes é muito importante, porque daqui a pouco pode ser o Caxias a precisar.
Emir revelou que, na opinião dos dirigentes grenás, a decisão teve similares contornos de cordialidade e racionalidade.
– É muito importante mantermos os jogos dos nossos clubes na cidade, para valorizar o futebol de Caxias e até para segurar aqui toda a movimentação de dinheiro que é gerada por um jogo de futebol. Sinceramente, acho que, se o Interior não trabalhar de forma unida para se fortalecer, aí fica difícil – concluiu.
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