| 04/07/2007 09h07min
O Comando da Aeronáutica enviou ontem à Justiça Militar o relatório final do Inquérito Policial Militar (IPM) aberto no Cindacta-1, em Brasília, propondo o indiciamento por crime de motim dos líderes da paralisação do dia 30 de março. Segundo uma fonte militar, devem ser indiciados seis controladores, entre eles o presidente da Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo (ABCTA), Wellington Rodrigues. As conclusões do IPM estão sendo encaminhadas ao Ministério Público, que deverá abrir processos e denunciá-los pelo mesmo crime.
Se condenados a mais de dois anos, os controladores serão presos e expulsos da Força Aérea. Mesmo os que não foram indiciados poderão receber punições administrativas. Segundo um oficial da FAB que acompanhou as investigações, todos os 14 controladores afastados de suas funções há cerca de duas semanas receberão algum tipo de punição. Mas a FAB terá de esperar que o Ministério Público se pronuncie sobre os indiciamentos, pois os militares não poderão ser duplamente punidos: pela Justiça Militar e pela Aeronáutica. O IPM foi concluído há um mês, mas o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, pediu novos esclarecimentos e depoimentos para aprovar o relatório final.
Já a CPI do Apagão Aéreo do Senado culpará a infra-estrutura deficiente - com baixo número de aeroportos e excesso de vôos - a tecnologia defasada e "a incompetência do ministro da Defesa", Waldir Pires, pelo apagão aéreo que desde outubro do ano passado não dá trégua aos brasileiros. O relator Demóstenes Torres (DEM-GO) apresenta hoje um segundo relatório parcial sobre o caos aéreo.
– Vou falar da falta de investimentos, de organização e dizer que falta aumentar o número de aeroportos – disse Demóstenes, confirmando que se apoiará no relatório sigiloso da Aeronáutica que aponta risco de obsolescência dos equipamentos.
O senador também não exime os controladores de vôo. Ontem, na CPI da Câmara, comandantes dos Centros de Controle de Tráfego Aéreo (Cindactas) admitiram que o acidente com o avião da Gol, em setembro, levou os controladores a operar com medo e a mudar procedimentos. O principal foi deixar de controlar mais de 14 vôos ao mesmo tempo.
Enquanto isso, as companhias aéreas mostraram ontem que não pretendem aceitar mudanças na malha como alternativa para solucionar o caos nos aeroportos. Em uma reunião ontem com diretores da Agência Nacional de Aviação Civil e representantes da Aeronáutica, as empresas alegaram que investiram nos últimos anos para atender o crescimento da demanda, mas que o governo não fez os aportes necessários em infra-estrutura. Participaram TAM, Gol, Ocean Air, BRA e Varig.
Um representante de companhia aérea afirmou que o setor trabalha com índices de eficiência e não de ineficiência. A agência tem sido pressionada a reestruturar a malha aérea, o que significaria, por exemplo, reduzir a concentração de vôos em horários de pico nos aeroportos mais movimentados, especificamente os de São
Paulo.
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