Desde o começo do mês, o pai do estudante Matheus Arndt, 10 anos, tem lido com fre- qüência um jornal em farrapos. Mas não é imperícia do entregador. Os rasgos em Zero Hora ocorrem dentro de casa. O filho confessa não ter paciência para recortar as figuras do Álbum Farroupilha – A História em Recorte.

– Às vezes, ele nem leu o jornal ainda, mas eu já peguei as figuras. Mas ele não fica bravo – diz o aluno da 4ª série do Ensino Fundamental do Colégio Luterano Concórdia, em Canoas.

Essa obstinação fez dele, segundo a professora Francislene Pagliarini, 29 anos, o maior arrecadador de figurinhas da sua turma, no turno da manhã. Mas isso não garante nota a mais nem gera competição acirrada entre as crianças. A meta de Matheus e dos demais 35 estudantes é a mesma: completar hoje o álbum lançado por ZH, atividade que foi adotada para tratar da Revolução Farroupilha dentro da sala de aula de Canoas.

– Começou em uma conversa entre os professores, um perguntando para o outro se havia visto o álbum. Quando comentei em sala de aula, vários disseram que estavam colecionando. Então, decidimos também montar um, de todo o grupo – conta a professora.

Cada uma das turmas, no turno da manhã e da tarde, ganhou a missão de completar o próprio álbum, colado em mural decorado no fundo da sala. O que ninguém esperava era a repercussão da tarefa nas famílias. Os pais, os tios e os avós se tornaram alvos na busca pelas figuras.

– Meu avô assina o jornal. Muitas vezes eu pego dele. Mas se ele não guarda, vou comprar na banca de revistas do meu tio – conta Erlon Botelho Carvalho Júnior, 10 anos.

Conheça os personagens da história gaúcha no jogo da memória
comemorativo à Semana Farroupilha

Álbum ajuda a atrair a atenção para o trabalho de sala de aula

O interesse despertado e as reações com as imagens agradaram a professora. As figuras de alguns dos mais famosos personagens da revolução surpreenderam as crianças pelos trajes de época. Muitos, viram a face de Anita Garibaldi pela primeira vez.

– Achei que ajuda a esclarecer a história. E se tu esqueces, dá para voltar a ler na figura para lembrar de tudo. Dá mais gosto de estudar – diz a aluna Isabela Cygainski, 10 anos.

A professora explica que completar o álbum serve para atrair a atenção ao trabalho mais profundo na aula. Por meio das figuras, todos os símbolos do Estado são estudados. Quando uma dúvida surge, o texto em cada figura serve para fazer uma rápida consulta.

– Depois de estar completo com todas as personagens, cada aluno escolherá uma das figuras. Baseado na imagem e nas informações, ele irá desenhar a sua figura em uma folha de ofício. Todos esses desenhos formarão um mural que será exposto aos pais no final do ano, quando mostramos a nossa produção em aula – conta a professora.

*Colaboraram Marina Lopes, Nilson Mariano e Sabrina Silveira

leandro.rodrigues@zerohora.com.br