A sindicância a ser revelada nos próximos dias pelo presidente Fernando Carvalho indica o envolvimento de pelo menos um integrante dos movimentos de oposição do Inter. O relatório ainda está sendo estudado pela direção antes da divulgação oficial. No entanto, o jornal Zero Hora teve acesso a alguns documentos que integram a investigação e apontam Cláudio Bier, do Movimento Inter 2000 como proprietário do imóvel onde 55 sócios inscritos irregularmente residiriam, em Santo Antônio da Patrulha.

As acusações partiram do ex-presidente Paulo Rogério Amoretty. Em ofício enviado a Carvalho no dia 25 de novembro, ele acusa a formação de um "esquema" para aproveitamento eleitoral. A polêmica veio à tona há duas semanas, quando se soube que uma investigação em andamento no clube descobrira irregularidades na matrícula de 240 sócios. Havia o registro de várias pessoas morando em um mesmo endereço, no Interior – os casos foram registrados em Santana do Livramento (64 pessoas em um único local), Itaqui (46 em dois endereços) e Santo Antônio da Patrulha (55 no mesmo lugar).

A fraude, segundo Amoretty, aconteceria porque a mensalidade no Interior é mais barata que na Capital, com diferenças de até R$ 12, o que estaria lesando financeiramente o clube. No documento dirigido ao presidente, Amoretty também levanta suspeita quanto ao fato de que as mensalidades de tais sócios, em aberto desde janeiro de 2002, só foram quitadas perto do prazo final, no dia 10 de outubro, para que fosse possível comparecer ao pleito de segunda-feira, quando metade do Conselho Deliberativo será renovado.

Documentos do cartório de Santo Antônio da Patrulha, anexados à investigação, comprovariam que o local onde seria o domicílio de 55 sócios é propriedade de Bier. A sindicância estuda ainda o envolvimento indireto do conselheiro Alexandre Galano, do movimento InterAção. A residência onde estariam registrados 64 sócios seria de um familiar seu.

Caso seja de fato comprovado o envolvimento dos conselheiros nas irregularidades, a decisão sobre o tema caberá a Fernando Carvalho, passível de recurso no Conselho Deliberativo. Todos os sócios que estão sendo investigados votarão em urnas separadas na eleição de segunda-feira.

CARLOS CORRÊA