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 | 02/09/2005 18h25min

UE e Mercosul fazem novo mapa de negociações comerciais

Calendário contempla um novo encontro ministerial no começo de 2006

A União Européia (UE) e o Mercosul traçaram hoje um calendário de encontros de negociações para fazer um acordo de associação, estagnadas desde outubro de 2004. As duas partes expressaram vontade política de concluir com sucesso um processo que visa a criar a maior zona de livre comércio do mundo.

Em sua primeira reunião ministerial desde a suspensão das negociações, realizada em Bruxelas, os dois blocos emitiram um comunicado conjunto que estabelece os passos imediatos para o reatamento das conversas.

O calendário contempla um novo encontro ministerial no começo de 2006, com o objetivo de retomar "as negociações substanciais nesse nível", segundo o comunicado conjunto.

Antes disso, serão realizadas duas reuniões de "coordenadores", a primeira em novembro e a segunda em fevereiro de 2006, a fim de "explorar as vias e os meios para avançar significativamente em direção a um resultado ambicioso e equilibrado que leve em conta os diferentes níveis de desenvolvimento entre as duas partes".

Na entrevista coletiva conjunta no final da reunião, o ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, destacou particularmente este último ponto.

De acordo com Lavagna, o futuro Tratado de Livre Comércio entre os dois blocos deve ser desenhado de forma a "contribuir para reduzir as diferenças socioeconômicas entre as duas regiões".

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, explicou que as discussões de hoje também levaram a um consenso sobre os pontos-chave em que as negociações devem ser concentradas.

Amorim citou "a importância das ofertas agrícolas", aspecto de especial interesse para o Mercosul, mas também a necessidade de estabelecer regras sanitárias e fitossanitárias para o comércio dos produtos agropecuários, como reivindica a UE.

O chanceler brasileiro falou ainda da necessidade de um "tratamento especial e diferenciado" em favor do Mercosul, que lhe permita, por exemplo, se beneficiar de "condições flexíveis" na hora de executar o desmantelamento tarifário a ser determinado pelo acordo.

Amorim destacou também a necessidade de haver troca de "novas ofertas (de liberalização) no setor de serviços", principal aspiração da União Européia no processo.

Também participaram da reunião o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Luiz Fernando Furlan, e o diretor-geral do Uruguai para o Mercosul, Carlos Amorim, que destacou a importância de serem obtidos avanços não só nas questões comerciais, mas também nas de cooperação e, sobretudo, de diálogo político, que o futuro acordo de associação incluirá.

A UE e o Mercosul discutem desde 1999 os termos deste acordo de associação, mas a divergência de interesses tem dificultado o processo, suspenso desde outubro de 2004, depois de as duas partes fracassarem em sua tentativa de fechar o acordo até o fim daquele mês.

AGÊNCIA O GLOBO
 
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