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 | 03/01/2010 03h44min

A obrigação de fazer time é vermelha

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br



Já vai começar tudo de novo.

As cenas de colorados torcendo pelo Grêmio na última rodada do Brasileirão de 2009, e de gremistas torcendo contra o Grêmio para não dar o título ao Inter ainda estão vivas na memória do futebol no quesito surrealismo, mas a partir desta segunda-feira Inter e Grêmio retomam atividades.

E ambos empatados no Gre-Nal das contratações. Nenhum dos dois trouxe aquele jogador capaz de fazer o torcedor suspirar e ir para o estádio se associar.

O Inter buscou nomes comuns: os laterais Ney e Bruno Silva, o meia Thiago Humberto, o espetacular Wilson Mathias de Fernando Carvalho. O Grêmio confirmou Hugo, Borges e Leandro, jogadores mais conhecidos. Mas está perdendo Maxi López para a Lazio, quem sabe até sem ressarcimento. Trata-se (ou tratava-se) de um ídolo da torcida. Uma perda e tanto. O certo é que, acomodando todos estes na balança, há um certo equilíbrio. O pode não ser ótimo para o Grêmio, mas é terrível para o Inter.

Alguém já disse, com sabedoria, que não se pode tratar diferentes como iguais. É o caso de Inter e Grêmio neste 2010 emergente.

No primeiro semestre, o Inter tem uma Libertadores pela frente. O Grêmio tem a Copa do Brasil. Duas competições totalmente diferentes, com responsabilidades diferentes e exigências diferentes. Responda rápido: de quem é a obrigação por reforços, em mais quantidade e qualidade, se Nilmar se foi no meio do ano e, com ele, escorreu pelo ralo uma chance única de reconquistar o Brasil trinta anos depois do título invicto de 1979? Do Inter, é claro.

O Grêmio sofre um duro golpe sem Maxi López. Perder o centroavante titular é sempre motivo de tristeza, ainda mais em um clube acostumado a erguer taças como um camisa 9 goleador lá na frente (Juarez, Alcindo, André Catimba, Baltazar, Nildo, Jardel) mas se Leandro retomar os tempos de São Paulo pode formar com Jonas uma dupla de ataque em condições de ser campeã.

Vamos combinar: sem os times da Libertadores, a Copa do Brasil é uma barbada. O Grêmio pode conquistá-la pela quinta vez sem maiores contratações. Por isso os colorados até hoje não admitem a perda do título para o Corinthians no já distante 2009, com ou sem erros de arbitragem.

Não é o caso do Inter. Para se dar bem na Libertadores, especialmente a deste ano, é preciso mais ousadia. Os adversários estão investindo alto. O Corinthians se reforçou. Trouxe Roberto Carlos, Tcheco e Danilo, entre outros menos votados. Três jogadores experientes, rodados, todos acréscimos inequívocos na mão do matreiro Mano Menezes.

O São Paulo manteve Washington, Dagoberto, Jorge Wagner, Hernanes. Foi buscar os Paraíbas, Marcelinho e Carlinhos. Ainda falta ao Inter o substituto de Nilmar. Agiu certo a direção em abrir o cofre para comprar Giuliano e a metade de Andrezinho? Claro que sim. É suficiente para um clube de 103 mil sócios e com superávit de R$ 40 milhões?

Nem precisa responder. Ousadia, é do que o Inter precisa para ser bicampeão da Libertadores.

Em 2010, a obrigação de contratar mais e melhor é vermelha.

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