| 30/12/2009 03h42min
Desde ontem, o argentino Maxi López é credor de R$ 3,75 milhões, valor depositado em seu nome em uma conta judicial na Justiça do Trabalho de Porto Alegre. O curioso é que a soma, elevada para pessoas de qualquer padrão social, ficará intocada. Caso se disponha a retirá-lo, o centroavante estará na obrigação de renovar automaticamente por mais três anos com o Grêmio. É o que prevê o contrato assinado pelas duas partes em fevereiro.
Os R$ 3,75 milhões são equivalentes à conversão, pela cotação de ontem, de 1,5 milhão de euros, valor pago pelo Grêmio, com o auxílio de um investidor, para garantir 50% dos direitos federativos de Maxi López.
Por mais de uma hora, sob temperatura de 34°C, os advogados Rui Costa, Jorge Petersen e Camilo Macedo permaneceram em frente ao prédio da Justiça do Trabalho, na Avenida Praia de Belas. Como o tribunal se encontra em recesso, esperaram diante dos portões de ferro fechados com corrente pela chegada da juíza de plantão, Fabiane Rodrigues,
para efetuar o
depósito. Por telefone, conseguiram convencê-la de que o Grêmio corria o risco de perder o prazo se não efetuasse a operação.
É verdade que nem todo o dinheiro ficaria com o jogador. Ele teria que descontar US$ 1 milhão (R$ 1,74 milhão) e pagar por sua desvinculação do FC Moscou. O resto, sim, seria dele.
Ontem mesmo, por correspondência, o jurídico do Grêmio comunicou o centroavante do depósito. Segunda-feira, Maxi havia pedido tempo para pensar se ficaria ou não no clube. O mais provável é que não permaneça, seduzido por uma oferta europeia.
– Fomos transparentes desde o início, nunca sonegamos a ele que faríamos o depósito judicial – afirma Rui Costa.
Caso Maxi se acerte com algum clube europeu, o dinheiro será devolvido ao Grêmio, acrescido de juros e correção monetária. A convicção do departamento jurídico é de que o centroavante poderá enfrentar problemas caso se transfira à revelia para outro clube.
– A
Fifa não autoriza que um mesmo jogador tenha contratos com dois
clubes diferentes. O Grêmio fez a parte que lhe cabia no contrato – afirma Costa.
Outros advogados consultados por Zero Hora entendem que só a Justiça poderia informar ao jogador quanto ao depósito judicial. Nesse caso, o procedimento seria demorado, através de carta rogatória, o que envolveria o judiciário brasileiro e o argentino. Nesse meio tempo, Maxi poderia fechar qualquer negócio, sob a alegação de que o Grêmio havia perdido o prazo para adquirir metade de seus direitos.
Para entender
- Um anexo do contrato assinado em fevereiro facultava ao Grêmio adquirir 50% dos direitos econômicos de Maxi López caso efetuasse o pagamento até 31 de dezembro.
- O clube também se credenciaria a 100% dos direitos federativos. Ou seja, Maxi não poderia negociar com ninguém sem sua aprovação.
- A operação seria triangular. Maxi receberia 1,5 milhão de euros do Grêmio e repassaria US$ 1 milhão
ao FC Moscou por 50% dos direitos. O restante dos direitos já pertence
ao jogador.
- O contrato também previa que Maxi assinaria um novo contrato, por três anos, com salário de US$ 100 mil.
- Como Maxi López recusou-se a receber o dinheiro, segunda-feira, o Grêmio fez ontem um depósito em seu nome na Justiça do Trabalho.
- Maxi alegou razões familiares para não receber o dinheiro. Supostamente, buscava encerrar seu vínculo com o Grêmio para negociar com um clube europeu, sem precisar repassar qualquer parcela ao clube gaúcho.
- Fontes ligadas a Maxi López dizem que o Grêmio tentou barganhar o valor, ou seja, ofereceu a ele menos de 1,5 milhão de euros.
Advogados do Grêmio tiveram de aguardar juíza de plantão para pagamento na Justiça do Trabalho
Foto:
Adriana Franciosi
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