O governo espanhol chegou a acordo na segunda-feira para implantar medida que promete impedir a chegada de futuros astros do futebol ao país. A partir de 2010, parte dos estrangeiros pode sofrer com alta carga de impostos - o que ameaça até paralisar o campeonato local.

Pelo projeto de lei, que ainda será votado, trabalhadores estrangeiros residentes na Espanha com renda anual superior a € 600 mil (R$ 1,5 milhão) terão 43% dos ganhos retidos na fonte. O percentual é quase o dobro do vigente, que é de 24%.

Para sorte dos recentes galácticos do Real Madrid, como Kaká ou Cristiano Ronaldo, a decisão não seria retroativa. Ou seja: valeria apenas para estrangeiros que chegarem ao país a partir de 2010. Para eles, as atuais taxas continuarão valendo por cinco anos.

Indignada com o projeto de lei, a Liga de Futebol Profissional (LFP), entidade que organiza o Espanhol já ameaçou paralisar o campeonato.

– Ao futebol espanhol, a mudança do regime especial pode criar uma fratura de € 100 milhões (R$ 257,7 milhões). No caso da lei ser aprovada, haverá de se tomar o caminho de enfrentar essa decisão, chegando a ter de parar a competição – afirmou o presidente da LFP, José Luis Astiazarán.

Entenda a lei fiscal espanhola para estrangeiros

O governo espanhol aprovou em 2004 uma lei que favorece a chegada de profissionais estrangeiros de alto nível ao país. Os principais alvos foram cientistas, acadêmicos e jogadores de futebol.

Com a nova lei, eles puderam usufruir da mesma taxa de impostos válida para não residentes na Espanha. Assim, ao invés de 43% de seus ganhos serem retidos na fonte (percentual para pessoas de alta renda), apenas 24% são pagos ao fisco. A vantagem é valida por seis anos.

Na segunda-feira, no entanto, o governo espanhol chegou a um acordo para derrubar a lei. O novo projeto prevê que os estrangeiros com renda anual superior a € 600 mil (R$ 1,5 milhão) voltarão a ser taxados em 43%.