| 26/10/2009 04h07min
Em fevereiro, Lauro Quadros e Lasier Martins completam cinco décadas trabalhando lado a lado nas ondas de rádio do Rio Grande do Sul. A convite de ZH, os dois ícones da Rádio Gaúcha relembraram os tempos de reportagem à beira do campo e escreveram as suas visões sobre o Gre-Nal 378.
Uma final na quarta-feira
Lauro Quadros
Tantas foram as especulações, mas ninguém ousaria imaginar que o Gre-Nal já começasse 1 a 0 e logo numa falha do Victor. Correndo atrás do prejuízo, o Grêmio teve a iniciativa e mais posse de bola. Na frente, porém, Perea estava sozinho contra três, preço alto demais para a superioridade inconsequente no meio-campo. Sem Tcheco, faltou criatividade.
A vantagem a dois minutos – um prêmio para quem arrisca, D’Alessandro – deixou o Inter numa situação confortável. Esperou na sua intermediária, de onde o Grêmio, praticamente, não passou. Sem ser exigida, nem deu para saber se a
defesa, deficiente nas últimas partidas, estava se recuperando ou não.
E mesmo com dois na frente, Taison e Alecsandro, o ataque não funcionou. Méritos defensivos do Grêmio, também. Não tinha tanta importância, o placar era 1 a 0 e assim terminou o primeiro tempo.
Herrera no lugar de Douglas Costa, uma obviedade, fracassou. A furada em bola, no merengue do Souza, que acordou no segundo tempo, foi emblemática. D’Alessandro e Taison por Andrezinho e Marquinhos era 12 por uma dúzia. Resultado: um gol perdido por Alecsandro, na saída do Victor, contra aquela cabeçada quase fatal do Souza na pequena área. As raras oportunidades se explicam pela ausência de jogadas de flanco. Daniel e Kleber inoperantes, Mário Fernandes esforçado e Lúcio constrangedor.
Combinado com a nova derrota do Palmeiras, o resultado recoloca o Inter como forte candidato ao título. O número de concorrentes também cresceu com as vitórias do Atlético MG e do São Paulo, sem contar o Flamengo correndo por fora. São Paulo x Inter, quarta-feira, no Morumbi, terá cheiro de final.
Oito pontos atrás do
G-4, faltando sete jogos, o Grêmio parece ter dado adeus à Libertadores 2010, sobrando a Sul-Americana com a Copa do Brasil de inhapa.
A quicada foi decisiva
Lasier Martins
Parece simplificar demais o Gre-Nal, mas o lance do gol resumiu o jogo. Foi quase tudo num Gre-Nal de pouca qualidade, raras conclusões, sem emoções, muita marcação, sem brilhos pessoais e várias decepções individuais. Valeu para o Inter pelos três pontos e, para o Grêmio, a dura realidade de não saber ganhar fora de casa.
D’Alessandro, astucioso, aos dois minutos e meio, arriscou de longe, a bola quicou a dois metros do goleiro, Victor se atrapalhou e ali se abriu e, ao mesmo tempo, se fechou o escore. Minguado, síntese de um jogo de defesas implacáveis. Uma quicada de bola mortal decidiu tudo, porque o Grêmio não soube reverter, sem ataque. Perea, isolado, ficou entregue às feras – e, mais tarde, teve a companhia de Herrera, com um
único lance de conclusão em que se enredou com a bola.
No primeiro tempo, aos 11 minutos, Souza tivera o outro dos dois únicos bons lances do Grêmio para marcar, mas cabeceou por cima. Aliás, Souza jogou muito pouco, logo ele, maior expressão individual do Grêmio, ao lado do Victor, que, desta vez, falhou feio. Rochemback foi um horror – e a surpresa foi Autuori não tê-lo substituído. Mas tirou Douglas Costa, que não estava mal e sabe municiar os companheiros. E, se Autuori armou bem a defesa, não soube tornar o time ofensivo.
O Inter ganhou no lance pessoal do argentino. Mas, também – finalmente – com méritos defensivos. Mário Sérgio armou uma linha de quatro e, à frente dela, outra barreira de quatro, onde se salientaram Giuliano, Guiñazu e Sandro, além de mais uma boa atuação de Kleber. O time ficou invulnerável. O ataque jogou muito pouco. Alecsandro sem lances, Taison limitado a não deixar Mário Fernandes subir e, ao dar lugar para Marquinhos, o que se viu no substituto foi muita vontade e poucas jogadas. Enfim, sobrou, de um
lado, a flauta
colorada, com três preciosos pontos na tabela e ganhando quatro em cinco Gre-Nais. E ao Grêmio, a preocupação de não chegar perto do G-4. E parece que ficará mesmo no meio-caminho.
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