| 05/10/2009 16h47min
A demissão de Tite e a contratação de Mário Sérgio como técnico até o fim do ano escancara uma realidade que não pode mais ser contestada. O vestiário do Inter estava em frangalhos. A briga com D'Alessandro no intervalo do jogo diante do Botafogo não pode mais ser negada.
Todas as questões envolvendo problemas internos agora estão, de certa forma, confirmadas. Este era o problema.
Mário Sérgio é um disciplinador. Não é um vencedor. Pode começar uma trajetória assim no Inter, é claro. Abel Braga era um perdedor até se tornar campeão da América e do Mundo em 2006. Nada impede Mário Sérgio, profissional respeitadíssimo pelos colegas, de mudar o rumo da sua carreira como treinador do Inter — curiosamente, ele era jogador no último título
brasileiro, em 1979. Mas é fato: Mário Sérgio não foi escolhido pelo número de taças, e
sim pela capacidade de dar um choque no vestiário. Fará um vestibular no Beira-Rio. Se levar o time à Libertadores, terá boas chances de ficar em 2010.
Em resumo: sai o "pastor", como maldosamente Tite chegou a ser chamado, e entra o "malandro", que não é enrolado por jogador algum.
Outro fato importante de ser ressaltado na surpreendente troca de técnico faltando 11 rodadas para o fim do campeonato é a parcela de culpa da direção na queda de rendimento do time.
É injusto acusar Tite sozinho.
Assim como no ano passado, o Inter vendeu bem e comprou mal. E mesmo que tivesse contratado jogadores do mesmo nível, eles demoram a entrar em sintonia com o restante do grupo.
Este ano, se foram Alex, Nilmar e Magrão. Nem falo em Edinho porque neste caso Sandro acrescentou qualidade. Tite passou o ano remontando o time. Enquanto isso, os adversários diretos na
luta pelo título fecharam as portas para a Europa e ainda se reforçaram. O Palmeiras
manteve Diego Souza e trouxe Wagner Love. O São Paulo segurou o time todo: Dagoberto, Miranda, Washington, Hernanes, Borges. Até o Atlético-MG foi às compras: Ricardinho e Correa.
Mesmo assim, não se pode perder de vista o seguinte: a tabela do Inter permite pensar em vaga na Libertadores.
Mário Sérgio terá dois jogos em casa (Náutico e Atlético-PR) e o Fluminense no Maracanã antes do Gre-Nal. Pode, perfeitamente, somar pontos decisivos rumo ao G-4 nesta sequência. Mesmo pegando o bonde andando. É possível, portanto. Nada está perdido.
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