Mauro Vieira
 






É preciso fazer a leitura correta da bronca explícita da torcida do Inter com o lateral-esquerdo Marcelo Cordeiro. Foi dele o erro individual que resultou na derrota para o Corinthians por 2 a 1, ontem, no Beira-Rio. Tem vezes que o grito da arquibancada é emocional e injusto. Mas nem sempre é assim. Torcida também acerta. É o caso de ontem. Vou além: se estendesse mais o seu protesto, que não é episódico, este é o ponto, os colorados ampliariam o acerto na análise.

O Inter de Alecsandro (foto) perdeu por culpa dos dois laterais.

Danilo Silva e Marcelo Cordeiro eram os laterais no Pacaembu, na derrota por 2 a 0 que sepultou as chances de título da Copa do Brasil. Antes da partida de ontem, escrevi que aí estava o ponto fraco do time. Uma análise tão óbvia que nem dá para se jactar e chamá-la de profecia. Até os muros da Avenida Mauá, se falassem e enxergassem, diriam e veriam esta obviedade.

Por isso o protesto tão eloquente da torcida. Não se tratava de ontem, mas do semestre todo.

Cobri a derrota do Inter para o Coritiba por 1 a 0 que classificou o Inter à final da Copa do Brasil. Eu estava no Couto Pereira. Marcelo Cordeiro, substituindo Kleber, convocado para a Seleção Brasileira, não colocou tudo a perder por obra divina. Márcio Gabriel, ala-direita do Coritiba, parecia um Cafu jovem pelo seu lado. Os erros de passe se sucederam. Trata-se de um profissional sério, mas talvez as más atuações nos momentos decisivos o tenham prejudicado daí para frente.

Vamos a Danilo Silva. No Pacaembu ele mesmo se driblou na linha de fundo, permitindo o cruzamento para Jorge Henrique marcar um dos gols do Corinthians. Ontem, Danilo teve uma avenida de mão única à disposição pela direita. Correu feito um Husain Bolt, o homem mais rápido do mundo nos 100m. Tivesse nascido na Jamaica seria medalha de ouro nos Jogos Olímpico. Teve tempo de sobra para erguer a cabeça muitas vezes.

Pergunto: em quantas destas vezes Danilo ergueu a bola para a aérea em boas condições de conclusão? E o tombo que levou ao tentar tirar a bola de Jorge Henrique na linha lateral, à altura do meio-campo? Adianta só ter velocidade?

A torcida fez o diagnóstico correto. O Inter não tem laterais.

Ou melhor: tem um. Kleber, pela esquerda, às vezes vai bem. Mas mesmo ele oscila demais. Na direita, não há nenhum. Bolívar é zagueiro. E Danilo Silva não serve, apesar de todo o seu comovente esforço. Do outro lado, Marcelo Cordeiro tem mais técnica, mas está visivelmente perturbado.

Portanto, o Inter precisa arrumar laterais. Na Europa, nas divisões de base, onde for.

Se a direção não qualificar o grupo com laterais, o Inter perderá mais jogos como o de ontem. Dentro e fora de casa.

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