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 | 18/08/2009 05h30min

Lateral se faz em casa, mas que não venha da zaga

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br



                                   Mauro Vieira

 

 





Entrevistei ontem dois dos maiores laterais do futebol gaúcho para a versão impressa de Zero Hora. Cada um à sua época, eles fizeram história. Tanto assim que os torcedores nunca mais esqueceram deles. Por isso Cláudio Duarte (D) e Arce (E) integram o Inter e o Grêmio de todos os tempos que estão sendo escolhidos por meio de votação direta na promoção do Carrefour e do clicEsportes.

Durante a conversa, surgiu um aspecto interessante, especialmente neste momento em que a dupla Gre-Nal tenta transformar jovens zagueiros em laterais, casos de Mário Fernandes e Danilo Silva.

Cláudio e Arce, craques da lateral-direita, entendem que deve-se mesmo recrutar jogadores no próprio clube para a posição. Mas com um detalhe fundamental: que sejam buscados de preferência no meio-campo.

É a máxima eternizada em meados do século passado por Oswaldo Rolla, o Foguinho, inventor do que se convencionou chamar de estilo gaúcho de jogar futebol: lateral se faz em casa. Arce e Cláudio são prova disso.

Ambos sonhavam em brilhar no meio-campo, mas fizeram sucesso pelos lados.

Cláudio, 1m86cm, hoje com 58 anos, era volante. Aceitou ser lateral quando Abílio dos Reis, mítico descobridor de talentos do Inter dos anos 60 e 70, apontou para um certo Paulo Cézar Carpegiani e disse:

— Se quiseres ser volante, vais ficar na reserva daquele cara ali a vida toda. Mas tenho vaga na lateral-direita...

Até os 26 anos, quando uma lesão no joelho o fez abandonar uma carreira que o levaria à Seleção Brasileira, foi octacampeão gaúcho (1970 a 1976) e bicampeão brasileiro em 1975 e 1976.

Arce, 1m78cm, hoje com 38 anos, era meia. Chegou a fazer nome nas seleções de base do Paraguai como jogador de meio-campo. Quando Luiz Carlos Silveira Martins o contratou para ser campeão da América em 1995 e Brasileiro em 1996, diziam tratar-se do produto paraguaio típico: um lateral falsificado. Um erro, como se viu. Disputou a Copa de 1998.

Portanto, Arce e Cláudio têm autoridade para dizer o que dizem: é melhor recrutar laterais do meio-campo e não da zaga.


Concordo com eles. Para o padrão brasileiro, volantes e meias se encaixam melhor nas alas ou mesmo nas laterais.

O zagueiro só defende. Pode até ter velocidade, mas não raro lhe faltam a entrada em diagonal, o passe curto, a chegada ao fundo com cruzamento. Em tese, o zagueiro foi ser zagueiro justamente por não ser o habilidoso da pelada. No Brasil, ao menos, é assim.

Já ao meia ou volante basta providenciar uma boa cobertura. Goiano cobria Arce no Grêmio de Felipão. Edinho cobria Jorge Wagner no Inter de Abel Braga. São dois exemplos campeões, como foram campeões Arce e Cláudio Duarte, dois laterais que vieram do meio-campo. Ao contrário de Mário Fernandes e Danilo Silva.

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