| 03/07/2009 13h10min
Foto: Carlos Edler, 29/4/2009
Pode ser só impressão, mas suspeito que vai começar tudo de novo.
Falo daquela chatice da janela de transferências para a Europa. Em seguida os jogadores pensarão só em vestir a camiseta de algum clube europeu e nadar em dinheiro. No ano passado, esta época foi medonha para o Inter. Comprometeu a temporada inteira. À certa altura, pensava-se em tudo, menos em marcar gols ou evitá-los. Foi assim com Nilmar (foto) e Guiñazu, sem falar na vinda de D'Alessandro, para ficar nos mais votados. Lembro de ter ouvido da própria voz do
argentino, cobiçado pelos petrodólares (ou seriam petroeuros?) dos Emirados Árabes: estava difícil de se concentrar nos jogos.
A crise
financeira mundial deve inibir a volúpia do futebol estrangeiro no mercado brasileiro. É o que se diz. Mas julho mal começou e os primeiros ventos já sopram por entre as frestas da tal janela. O Inter nem bem assimilou a perda da Copa do Brasil para o Corinthians e eis que surgem os primeiros capítulos de novelas repetidas.
Ontem, Nilmar e seu procurador, Orlando da Hora, versavam sobre o tema no Beira-Rio. Eles não saíram dando entrevista do nada, por conta própria, anunciando suas impressões aos gritos no pátio do estádio. Apenas responderam às perguntas feitas pelos repórteres, que estavam ali para isso mesmo: perguntar.
Mas se não há proposta ou mesmo indício de negócio, qual o benefício de jogadores, dirigentes e empresários falarem em tese? Resposta: nenhum.
Até surgir algo concreto, o melhor que Nilmar ou qualquer outro jogador têm a fazer é silenciar para não se repetir a balbúrdia do ano passado, quando o
técnico Tite nem falava mais sobre escalação ou
esquema tático. Ninguém queria saber como o adversário ia jogar no domingo. Era só aquele vai-não-vai para a Europa. Ali, na janela de agosto, o Inter perdeu o rumo no Brasileirão.
Não que seja necessário algo oficial para o assunto vir à tona. Mas exige-se, ao menos, a declaração de um dirigente, de um empresário Fifa, a cogitação no site de algum clube ou jornal importante. Uma boa informação com segredo de fonte, quem sabe.
Do contrário, a melhor saída é o silêncio. Ou veremos a mesma lenga-lenga do ano passado de novo, com prejuízos imprevisíveis.
Compreendo que os clubes necessitam de injeções anuais de euros para completar o ano sem dívidas e pagando em dia, mas tudo tem limite. É bom colocar a ordem na casa agora, quando os primeiros ventos sopram por entre as frestas da tal janela de agosto. Senão, o título do Campeonato Brasileiro ou mesmo a segunda e última chance de vaga na
Libertadores estarão realmente ameaçados.
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