| 02/07/2009 12h32min
Sempre que é preciso fazer escore na segunda parte de um mata-mata, o universo lúdico dos torcedores imagina a classificação épica mais ou menos assim: um gol no comecinho do jogo e, a partir daí, pressão insustentável até o segundo, quem sabe até o terceiro, nascerem por abiogênese. Ou então: ir para cima assim que o árbitro deflagrar a contagem dos 90 minutos. O adversário, cedo ou tarde, acuado, não resistirá. Nos dois casos, a lógica é o ritmo acelerado, frenético, quase irracional.
Pois sabe qual é o time não faz isso e raramente é eliminado? O Boca
Juniors.
Antes que alguém lembre da eliminação dos argentinos este ano, me adianto. Não dá para ganhar tudo sempre. Alguma vez o Boca teria de
ficar de fora das finais. É a exceção que confirma a regra. Não há especialista de mata-mata como o Boca. E, ao contrário do que apregoam, o Boca não se atira ao campo inimigo com a faca entre os dentes e a munição nas cartucheiras cruzando o peito. Nada disso. O Boca se faz de morto.
Mesmo na Bombonera. A torcida fica lá, cantando e pulando. O time, não. Se mantém frio. Vai trocando passes, cercando, assim como quem não quer nada, como se estivesse jogando contra o Nueva Chicago ou Gimnasia Jujuy pelo Torneio Apertura. Sem exposição desnecessária, sem aquela correria louca que só parece velocidade, mas na verdade é apenas pressa. E, como se sabe, quem tem pressa cansa. E erra.
Foi assim na final da Libertadores de 2007, contra o próprio Grêmio. O resultado de 3 a 0 pode indicar que houve pressão impressionante, mas o Boca ganhou no seu estilo. Seguiu jogando normalmente, cuidando para não levar o gol em casa e, somente depois, fez o primeiro gol. Palermo, aos 18
minutos, ainda assim em lance
de impedimento não marcado. O Grêmio não jogava mal ou era pressionado dramaticamente. Mas o Boca fez um, dois, três e liquidou a fatura. Poderia citar outros exemplos idênticos do time de Riquelme e Cia, na Bombonera e fora de casa, mas fico por aí.
Portanto, é o caso de o Grêmio adotar a fórmula Boca se quiser eliminar o Cruzeiro.
Ir ao ataque feito um bando de índios querendo anexar a tribo vizinha, por si só, não leva a nada. O placar de 2 a 0 no Cruzeiro não é tão absurdo assim — desde que o Grêmio não leve gols. Lá adiante, no segundo tempo, se o resultado for insuficiente, aí sim é o caso de jogar a razão para alto e assumir todos os riscos. Antes disso, que Tcheco e Souza (foto) façam suas atuações inesquecíveis com serenidade e levem o time pela mão, já que não se pode confiar nos atacantes.
Fórmula Boca Juniors. É por
aí.
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