| 11/06/2009 14h10min
Foto: Arivaldo Chaves
Pode parecer mesmo um tanto aborrecedor falar de esquemas. Até por que ganha-se e perde-se com todos eles: quatro no meio-campo, três zagueiros, três atacantes. Não é matéria de ideologia, mas de circunstância. Dependendo das características dos jogadores, adota-se este ou aquele. Mas este assunto virou questão de Estado no Grêmio. É como se a mudança de sistema tático pudesse se transformar no reforço do time para a Libertadores. De certa forma, é isso mesmo.
Por isso é preciso exaltar a coragem do técnico Paulo Autuori (na foto com Leo e Rafael Marques)
em desconstituir o que Celso Roth ergueu em um ano e dois meses de trabalho às vésperas dos mata-matas decisivos da competição mais
importante do continente.
Se coloque no lugar de Autuori. No Catar, a cobrança da arquibancada é nenhuma e o profissionalismo é incipiente, para dizer o mínimo. Veio para um clube que depositou nele todas as mais belas esperanças de reconquista da América. A novela de sua negociação apenas reforçou a ideia de salvador da pátria. O Grêmio decidiu-se por Autuori e fez o possível e o impossível para tê-lo no Olímpico. Criou-se na torcida uma ansiedade poucas vezes vista em se tratando de um treinador.
E, na chegada, o que havia diante dele, para completar? Um time formado.
Durante um ano e dois meses Celso Roth moldou o time no 3-5-2. Não foi campeão de nada, mas o vice-brasileiro e a classificação em primeiro lugar do grupo na Libertadores passou pelo esquema com três zagueiros. Autuori poderia não se comprometer e promover apenas ajustes mínimos. Quem o condenaria? Ninguém.
Depois de tanto tempo jogando de um jeito, o lógico seria mudar o
esquema no começo da temporada, com tempo. E não assim, quase de afogadilho — ao menos tomando como o base o contexto ideal para operar a transformação.
Mas Autuori identificou o que considera o grande problema do Grêmio — o isolamento dos atacantes — e decidiu combatê-lo de vez.
O treino no 4-4-2 de ontem, com Makelele na lateral-direita, Fábio Santos na esquerda, Léo e Rafael Marques na área, mais dois volantes e dois meias, pode ser um marco do novo Grêmio. Será 4-4-2 contra o Fluminense, domingo e, provavelmente, também no dia 17, diante do Caracas. Se der errado, o mundo desabará sobre Autuori. Por isso, é preciso aplaudir o treinador gremista. Que, ao mudar o esquema, mostra a coragem dos vencedores.
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Ataque.
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