| 26/05/2009 22h55min
Marina Ferreira, divulgação
No dia em que a dupla Gre-Nal faz jogos decisivos na Libertadores e na Copa do Brasil, o Grêmio na Venezuela contra o Caracas e o Inter no Beira-Rio diante do Coritiba, o título lá de cima pode parecer um tanto oportunista, admito. Aquela história de bairrismo, de gaúcho se exibindo como se o Rio Grande do Sul fosse um território de personalidade tão diferenciada que o Brasil não o merecesse.
Se alguém fizer esta leitura, imploro: NÃO se trata disso. Nunca usei bombacha e alpargatas nem em festa infantil farroupilha, quando as mães fantasiam os filhos
de Bentos Gonçalves. Já dei meus galopes nas planícies de Cachoeira do Sul, mas passo longe do gaúcho típico. Depois do álibi, a prova
irrefutável de autoria do crime.
Quem afirma que a dupla Gre-Nal caminha para o topo da riqueza entre os clubes do Brasil é um paulista.
E não qualquer paulista. É um paulista craque em gestão e marketing esportivo. Um paulista especializado, portanto. Amir Somoggi, 34 anos, é o responsável por elaborar o ranking dos clubes mais ricos do futebol brasileiro desde 2003. Um dos sócios da Casual Auditores Independentes, cuja sede fica na Avenida Paulista, o coração financeiro do Brasil, Somoggi entende que caminhada de Inter e Grêmio em termos de receita dá toda a pinta de não ter mais volta.
O paulista em questão é o segundo da direita para esquerda na foto acima, entre os sócios da Perestroika (Felipe Anghinoni e Tiago Mattos, nas pontas) e o gerente de marketing do Corinthians, Caio Campos.
Somoggi esteve em Porto Alegre para uma palestra na escola Perestroika, que promove um
curso sobre jornalismo e marketing esportivo. A camiseta
autografada é dele mesmo: Ronaldo Fenômeno. Será leiloada, e a renda revertida para o Instituto da Criança com Diabetes.
A Lurdete Ertel, colunista de Zero Hora, publicou o ranking em primeira mão, no domingo.
O Grêmio (R$ 99 milhões) é o 6º colocado. O Inter (R$ 142 milhões) só perde para os R$ 160,5 milhões do São Paulo, líder desde 2003, quando o acompanhamento começou a ser realizado. Entre Inter e Grêmio há, de cima para baixo, há Palmeiras, Flamengo e Corinthians. Cruzeiro, Atlético-MG, Santos, Fluminense, Vasco, grandes clubes de centros mais ricos do que o Rio Grande do Sul, estão todos atrás da Dupla.
Ao golaço da Lurdete, ofereço agora a palavra de Somoggi.
Como o Inter pode ultrapassar o São Paulo? E o que deve fazer o Grêmio para superar Cruzeiro, Palmeiras e Flamengo?
— O principal os dois estão fazendo: uma gestão eficiente. O
Inter está mais consolidado nesse aspecto, mas o Grêmio segue na mesma trilha.
Uma maneira de suplantá-los em receita é com receitas extras como a venda de grandes jogadores. Mas na parte operacional, creio que Inter e Grêmio já têm condições de exigir melhores contratos de patrocínio.
Somoggi não fica na tese. Oferece números:
— Vamos pegar o exemplo do Corinthians. A Samsung paga R$ 15 milhões por ano. A Batavo, R$ 18 milhões. A Medley, R$ 16,5 milhões. E o Banrisul, quanto paga a Inter e Grêmio?
Respondo eu mesmo, na falta de outro: pouco menos de R$ 4 milhões. E acrescento: o contrato da LG com o São Paulo, renovado este ano, é de R$ 16 milhões.
— Mesmo que o Rio Grande do Sul não seja um centro financeiro como São Paulo, ainda assim não tem cabimento valores tão baixos na camiseta de clubes com tamanha exposição — afirma Somoggi.
Ele tem razão. Hoje, por exemplo. Caracas e Grêmio será visto em vários países da América do
Sul. Coritiba e Inter terá transmissão nacional. No ano passado, o Inter ganhou a
Sul-Americana e o Grêmio foi vice-brasileiro. Mesmo assim, apesar desta brutal disparidade em termos de patrocínio, a Dupla caminha para se consolidar entre os mais ricos do país. Aí está a explicação para Inter e Grêmio, em um mesmo dia, oferecerem jogos decisivos para os seus torcedores.
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