| 19/05/2009 14h51min
Em entrevista ao vivo no programa Arena do canal Sportv, o técnico Paulo Autuori fez grandes elogios aos meias Souza e Tcheco, nesta tarde de terça-feira. O treinador do Grêmio utilizou a dupla para argumentar sobre conceitos táticos que ele utiliza.
– O Grêmio é uma equipe que se dá ao luxo de ter Souza e Tcheco, mas têm de jogar mais próximos da área – defende.
Mesmo reforçando a ideia de que não poderá destruir o sistema tático 3-5-2 com o qual o Grêmio atua há mais de um ano, Autuori novamente justificou sua predileção pelo 4-4-2, utilizando a seleção da Espanha e o Barcelona como bons exemplos.
– Na minha cabeça sempre tenho os melhores momentos do futebol brasileiro. A seleção espanhola demonstra que é perfeitamente possível aliar qualidade de jogo e resultado. O Barcelona demonstra isso também. Quero correr esse risco, não sei se vai dar resultado, mas é um grande desafio. Só não posso colocar a minha vontade à frente da necessidade da equipe – justifica.
Autuori atribuiu à utilização do 3-5-2 sem uma padronização junto às categorias de base até mesmo a carência de bons laterais e de meias ofensivos no futebol brasileiro
– É uma descaracterização do futebol brasileiro. Nada contra o 3-5-2, mas hoje se vê a carência de bons laterais e de meias ofensivos. Temos que formar jogadores com as características da função, para que ele possa jogar em outros sistemas também. Faltam meias de chegada, que cheguem na área e façam gols. Hoje os meias voltam aqui atrás para buscar a bola, os alas já estão lá na frente, e isso compromete a articulação. Não existem mais os triângulos que sempre caracterizaram o futebol brasileiro, e que no futebol espanhol são chamados de pequenas parcerias – completa.
Sobre as negociações demoradas envolvendo Grêmio e Al-Rayyan, Autuori elogiou a disposição dos dirigentes gremistas, e o projeto do clube que vai permitir a ele atuar em todo o futebol, gerenciando os processos desde as categorias de base.
– O Al-Rayyan queria que eu ficasse por cinco anos lá, mas eu quis voltar para atuar de maneira mais profunda no futebol, gerenciar processos, o que o Grêmio me proporcionou: verticalizar os conceitos, respeitando a história do clube. Houve momentos em que as coisas se complicaram, mas o presidente do Al-Rayyan se posicionou de maneira impecável. Foi uma convicção e um risco assumidos pelo Grêmio, que dão a mim e aos jogadores uma bela mensagem de que também teremos de correr riscos – afirma.
Autuori disse ainda que a proposta do Grêmio foi a 10ª recebida por ele desde sua chegada ao Al-Rayyan. Ele recusara as outras nove, incluindo seis clubes brasileiros e três seleções (Arábia Saudita, Omã e Coreia) pelo bom tratamento recebido dos dirigentes do clube do Catar.
– Meu contrato sempre teve a possibilidade de uma saída, mas era uma questão moral permanecer lá, pela maneira como fui tratado – conclui.
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