Daniel Marenco









O time com seis reservas aplica 2 a 0 no Palmeiras badalado de Wanderley Luxemburgo, o Inter assume a liderança do Brasileirão após duas rodadas com 100% de aproveitamento e, para completar, Taison volta a jogar bem. Enquanto isso, os titulares do Flamengo se atrelam a um deprimente 0 a 0 com o Avaí no Maracanã e uma discussão pública entre Juan Cuca assombra o Rio de Janeiro. Confiança no Beira-Rio, desagregação na Gávea. É o ambiente ideal para a classificação de Guinazu (C, na foto) e seus companheiros às semifinais da Copa do Brasil, amanhã, certo? 

Errado. Eis aí uma partida dramaticamente traiçoeira.

Não ter marcado gol fora de casa traz uma série de perigos. Repare só: lá se vão quase 600 minutos de inviolabilidade do goleiro Lauro no tempo normal. Marca que poderá se manter intacta com o Inter eliminado se der 0 a 0 e tudo se decidir nos pênaltos. Invicta há 19 jogos — a última e única derrota em jogos oficiais este ano foi para o União Rondonópolis, no dia 18 de fevereiro — a equipe do técnico Tite pode emplacar a 20ª partida e morrer no meio do caminho. Empate com gols classifica o Flamengo.

Ao Inter, resta vencer, vencer e vencer.

Mesmo que os indícios apontem para o ambiente favorável, o melhor a fazer é imaginar que do lado de lá trata-se do Barcelona no Mundial de 2006. O torcedor compreendeu o recado do Maracanã. A procura por ingressos é frenética. Espera-se mais de 40 mil colorados no Beira-Rio. Eliminar o Flamengo significa quase o olimpo da final. Depois, é Coritiba ou Ponte Preta, adversários bastante inferiores.

Em tese, dá Inter.

É mais time em todos os quesitos. Nem a ausência de Magrão, substituído pelo inconstante Rosinei, preocupa. Danilo Silva, se mantiver o vigor de javali demonstrado diante do Palmeiras na lateral-direita, é reforço no lugar do suspenso Bolívar. A única chance carioca é perseguir cada jogador do Inter até a última gota de suor, reproduzindo a marcação ferrenha no 0 a 0 do Maracanã. Mas o Inter está descansado, enquanto o Flamengo vem de três jogos desgastantes sem poupar ninguém.

Aqui, mais armadilhas.

Basta levar um gol, e pode-se levar gol em um lance bizarro qualquer, para toda a lógica se esvair pelo ralo. Por isso a torcida será fundamental. Se alguma armadilha do regulamento da Copa do Brasil surpreender o time, virá do grito da arquibancada a missão de recolocar tudo no lugar. A torcida já percebeu isso. Seria prudente também o time encarar o Flamengo sem falsas ilusões.


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