| 12/05/2009 14h10min
Bastou a primeira vaia, ainda que modesta, para Marcelo Rospide (foto) abandonar a postura de lorde inglês e voltar à planície mundana da plebe. Não era para tanto. A vaia da torcida no empate em 1 a 1 com o Santos foi tênue. Comparada às críticas enfurecidas para Celso Roth, pode-se dizer que o interino do Grêmio recebeu carinho do gremistas no último domingo. A reação de Rospide diante de sua primeira situação adversa foi desproporcional. E só mostra como é importante contar com Paulo Autuori o mais rápido possível. Entre outras reclamações do interino, uma delas me parece injusta. É a seguinte:
— Na cabeça do torcedor, é
injustificável retirar um atacante e colocar um volante. Mas é possível que o time siga ofensivo mesmo sem atacantes.
Basta que os meias passem a atuar mais adiantados. Domingo, quando Jonas e Maxi López saíram, Souza e Douglas Costa passaram a fazer isso. A torcida compra uma ideia que é veiculada por parte da mídia.
Primeiro, a mídia.
Poucos interinos na história do futebol gaúcho foram tão elogiados como Rospide. Creio nenhum, inclusive. Repare que ele não generaliza, o que é elogiável. Mas qual o problema de parte da mídia preferir este ou aquele esquema? E o que isto tem a ver com a vaia? Pela lógica rospideana, se a torcida pode comprar"a ideia de uma parte da mídia, nada impede que o restante dos gremistas adote a visão da outra parte da imprensa.
Segundo, o menosprezo ao torcedor.
Está errado dizer que "na cabeça do torcedor é injustificável retirar um atacante e colocar um volante". Os técnicos, em geral, não apenas Rospide,
têm mania de tratar o torcedor como maria-vai-com-as-outras para justificar situações como a de
domingo. São todos primários, enquanto o treinador é sempre superior. Conheço vários gremistas que concordam com o uso de três zagueiros.
O que aconteceu diante do Santos é simples. No seu primeiro momento de pressão, Rospide acusou o golpe e atirou. Mais: ao dizer "quero tratar de concluir o meu trabalho e entregar o cargo de forma invicta", passou a sensação de que, logo no primeiro obstáculo, o lado individual ficou em primeiro plano.
Foi uma entrevista infeliz de um homem reconhecidamente competente, mas ainda sem maturidade para ocupar um cargo tão importante no Brasileirão e contra adversários fortes na Libertadores.
Chamem o Autuori.
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